O Prêmio Inezita Barroso protagonizou uma cena emblemática para a preservação da cultura caipira: a 'palinha' de "Estrada da Vida" nas vozes do jovem João Augusto, 16, e do cantor sertanejo Milionário, 85, (ex-dupla de José Rico, falecido em 2015). "Sempre fui muito fã dele. Foi uma felicidade muito grande para mim. Estou até meio anestesiado ainda. Não há quem goste de música sertaneja que não conheça Milionário & José Rico", confidenciou o violeiro que há nove anos toca e canta ao lado da irmã, Samantha.

Esse encontro de gerações ocorreu nesta sexta-feira (14), durante a solenidade da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo para entrega das estatuetas do Prêmio Inezita Barroso a 19 artistas e grupos que se destacaram na valorização e difusão da arte caipira paulista. "Com sua paixão pela preservação das tradições sertanejas, Inezita se tornou um ícone da música brasileira transmitindo com emoção e autenticidade as histórias do povo do interior", ressaltou a deputada estadual Professora Bebel (PT), presidente da Comissão de Educação e Cultura da Alesp - responsável pela premiação.

Entre os premiados, a cantora Fabíola Beni e o violeiro e artista visual Yuri Garfunkel associaram a força e resistência da cultura caipira ao longo do tempo, em grande parte impulsionadas pela contribuição de Inezita. "Sua paixão pela viola celebra uma arte feminina viva e pulsante, atravessando gerações e conquistando cada vez mais espaço", disse Fabíola. "Inezita sempre foi grande defensora da nossa cultura popular do Brasil inteiro. Ela inspira muito a gente a continuar fazendo a cultura caipira em linguagens contemporâneas", completou Garfunkel.

Diversidade cultural

Na edição deste ano, o Prêmio Inezita Barroso também homenageou grupos folclóricos, como o Instituto Du Catira, que preserva a tradição dessa dança caipira caracterizada pela batida ritmada dos pés e das mãos dos dançarinos.

Quatro orquestras caipiras também figuraram entre os premiados da Alesp: as de viola Cidade das Águas e a Feminina de Santa Bárbara d'Oeste; e as orquestras de violeiro de Mauá e Crescer no Campo.

O cururueiro Toninho da Viola também foi premiado. Gênero caipira "O cururu" é uma prática cultural que consiste em desafios com versos improvisados ao som de violas caipiras.

Mulheres caipiras

Sobre o protagonismo de mulheres no universo cultural caipira, a partir do exemplo de Inezita Barroso, a deputada Professora Bebel afirmou que o caminho aberto pela cantora caipira serviu para fortalecer a luta por igualdade de gênero e reconhecimento dentro do mundo artístico brasileiro. "A carreira de Inezita que se estendeu por várias décadas representa um legado imortal de amor à cultura popular", frisou a parlamentar.

Parlamentares

A premiação da Alesp foi prestigiada pelos deputados Mauro Bragato (PSDB), Simão Pedro (PT), Beth Sahão (PT), Márcia Lia (PT), Letícia Aguiar (PP), Paulo Fiorilo (PT) e Ediane Maria (Psol). Todos ressaltaram a importância da preservação e da difusão da cultura caipira. Eles também renderam homenagens à memória de Inezita Barroso (que morreu em 2015 aos 90 anos). Agora em 2025, é comemorado o centenário de nascimento da artista paulistana, considerada uma das maiores artistas da música caipira.

A apresentação dos artistas e grupos premiados foi feita pelo ator Paulo Betti.

Relação com os 19 premiados

- Arnaldo Freitas

- Bete Bissoli

- Edu Oliveira

- Fabíola Beni

- Fabricio Ramos

- Instituto Du Catira

- Dupla João Augusto e Samantha

- José Dercídio dos Santos - O Praense

- Leila Moreira Assis

- Luiz Palombo

- Cantor Milionário

- Orquestra de Viola "Cidade das Águas"

- Orquestra de Violeiros "Crescer no Campo"

- Orquestra de Violeiros de Mauá

- Orquestra Feminina de Viola Caipira de Santa Bárbara D'Oeste

- Tiago Bellini

- Tião e Gonzagão - André Moraes e Jackson Ricardi

- Toninho da Viola

- Yuri Garfunkel