Parkinson: acesso ao tratamento adequado pode garantir qualidade de vida
11/04/2025 15:11 | Saúde | Gabriel Eid - Fotos: Lucas Martins, Acervo Pessoal, Carol Jacob e Rodrigo Romeo





Estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que até 2040 a população brasileira vai viver em média 81 anos. Atualmente, a expectativa de vida é de pouco mais de 76 anos anos. Com o envelhecimento da população, também cresce a incidência de problemas de saúde crônicos e neurológicos. Um dos distúrbios que é alvo de atenção é o Parkinson, síndrome que degenera progressivamente células do cérebro - causando sintomas como tremores involuntários, rigidez muscular e dificuldades para engolir e urinar.
O Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo, atingindo cerca de 6,3 milhões de pessoas. No Brasil, mesmo sem dados oficiais, a estimativa é de que aproximadamente 200 mil pessoas convivam com a síndrome. Com o intuito de incentivar a prevenção, a informação e o tratamento adequado, a Alesp aprovou a criação do Dia Estadual de Conscientização sobre o Parkinson, lembrado todo dia 11 de abril, por meio da Lei 17.644/2023.
Adaptação
Arquiteto, pintor e ilustrador, Luiz Catani ficou conhecido pelo trabalho em revistas de quadrinhos infantis. Há oito anos, Catani foi diagnosticado com Parkinson e, desde então, precisou adaptar estilo de vida e ofício aos sintomas da doença. Além do tratamento regular e acompanhamento médico, o esporte e a boa alimentação foram fatores que o ajudaram a manter uma boa qualidade de vida.
"Uma coisa que percebi de cara é que tinha que fazer muita atividade esportiva para conter as dificuldades motoras. Também procurei uma nutricionista para melhorar a minha alimentação e, mais recentemente, faço cerca de 40 minutos de acompanhamento fonoaudiológico por dia", conta. O ilustrador pratica atividades físicas como musculação, futebol e boliche. "Jogo todo sábado com os amigos e tomo muita bolada", brinca.
O trabalho de Catani, por envolver diretamente habilidades motoras, também precisou ser adaptado. "Eu mudei o estilo do desenho por causa dos tremores, mas continuei. Depois do Parkinson, comecei a fazer o desenho sem o esboço. Eu imagino o que eu quero na minha mente e já passo direto para o computador. Se eu tremo muito na hora de fazer, refaço o desenho ou faço ele maior", explica. Ele também passou a pintar e vender quadros, auxiliando no controle motor.
Médica neurologista e colaboradora do grupo de Distúrbios do Movimento e Estimulação Cerebral Profunda do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-Fmusp), Anna Letícia de Moraes afirma que o tratamento adequado pode trazer qualidade de vida para a pessoa com Parkinson. Para isso, ela aponta a importância do diagnóstico precoce a partir da atenção constante aos sinais. "É um diagnóstico difícil, justamente por ser uma doença que tem uma instalação lenta. Muitas vezes demora 5 anos para o diagnóstico."
"A síndrome é mais comum entre os mais velhos, mas muitas pessoas de 30, 40, 50 anos são diagnosticadas com a doença. Tanto para os mais velhos quanto para os mais novos, é possível alcançar qualidade de vida e controlar a doença, principalmente nos primeiros anos. É preciso conversar com o paciente e ir correndo atrás para garantir a qualidade de vida", afirma.
Novas perspectivas
Catani explica que, após o diagnóstico, contou para o médico sobre leituras que tinha feito a respeito do tratamento complementar com canabidiol - substância medicinal derivada da planta cannabis sativa e sem nenhum potencial alucinógeno. O profissional defendeu que, se feito em conjunto com os remédios tradicionais, não haveria contraindicações em adotar o tratamento. O ilustrador conta que a combinação desses dois tratamentos - tradicional e complementar - vem trazendo resultados. "Eu estava tremendo pra caramba e os medicamentos me ajudaram a diminuir bem. Foi assim que consegui voltar a desenhar", afirma.
A descriminalização e a facilitação do acesso ao tratamento com canabidiol é uma das bandeiras do deputado Eduardo Suplicy (PT), que revelou ter sido diagnosticado com a Doença de Parkinson em 2023. O parlamentar também realiza o tratamento com remédios tradicionais e o complementar - utilizando a cannabis medicinal para aliviar sintomas físicos. Suplicy revela ter conhecido a possibilidade de tratamento durante o trabalho como deputado. "Eu tive a oportunidade de conhecer uma mãe que lutava para conseguir o acesso ao canabidiol para a filha de 10 anos. Ela tinha Síndrome de Dravet, que provocava muitas convulsões na menina e o remédio poderia aliviar esses sintomas", diz.
O deputado explica que ela foi a primeira mãe no estado de São Paulo que obteve licença para plantar a cannabis e preparar o óleo na própria casa, devido ao custo elevado para conseguir a medicação. "Melhorou consideravelmente a qualidade de vida", afirma. Suplicy diz que também se sente muito melhor e com os sintomas controlados. "As vezes eu ia para a tribuna para fazer um pronunciamento e tremia bastante, as pessoas notavam, mas esse tremor foi diminuindo. Meu estado geral está melhorando", conta.
A médica Anna Letícia de Moraes reforça o caráter complementar do tratamento com a planta e ressalta que ele não substitui os remédios tradicionais. "O uso do canabidiol é uma escolha particular e individualizada", afirma. Em 2023, a Alesp aprovou a Lei 17.618, que criou a política estadual de fornecimento gratuito de medicamentos à base de canabidiol em caráter de excepcionalidade pelo Poder Executivo. A Casa também tem uma Frente Parlamentar voltada à discussão do tema, coordenada pelo deputado Caio França (PSB), em parceria com Suplicy.
Políticas de saúde
Para garantir que todas as pessoas tenham o acesso ao melhor tratamento e possibilidades de controlar os sintomas da doença, o deputado Eduardo Suplicy destaca a centralidade do Sistema Único de Saúde (SUS) e do fortalecimento por meio de políticas públicas. A médica Anna Letícia de Moraes aponta que é fundamental que a atenção primária de saúde garanta uma equipe multidisciplinar por conta dos sintomas variados e complexos que a doença traz.
"Além do neurologista, também são essenciais fisioterapeutas, educadores físicos, fonoaudiólogos, cardiologistas e clínicos gerais", pontua. Outra questão apontada pela especialista é a necessidade da ação do Poder Público para a prevenção. De acordo com a médica, agrotóxicos, sedentarismo, falta de atividade física, diabetes e qualidade do sono são fatores que podem contribuir com o desenvolvimento do Parkinson.
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