Na Alesp, audiência pública defende que privatizações aumentam risco de acidentes no metrô
14/05/2025 09:31 | Transporte sobre trilhos | João Pedro Barreto - Fotos: Larissa Navarro






Após os acidentes nas linhas 5-Lilás e 15-Prata do metrô e monotrilho paulistas, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo sediou, na noite desta segunda-feira (12), uma audiência pública para debater o futuro do transporte sobre trilhos do estado. Promovido pelos parlamentares Paula da Bancada Feminista (Psol) e Simão Pedro (PT), o evento debateu os planos de privatização do Governo estadual e defendeu que terceirizações podem aumentar o risco de acidentes como os ocorridos na última semana.
"Essa ideia de que o privado é melhor que o público é uma ideologia que as classes dominantes tentam passar o tempo inteiro. Sempre dizem que o público é ineficiente, corrupto e por isso é melhor entregar para a iniciativa privada. Mas quando vemos, por exemplo, a linha 9 do trem, que foi entregue para a iniciativa privada e se transformou, em dois anos, em uma das piores linhas, com acidentes, descarrilamentos, trem pegando fogo, entre outros problemas de manutenção", defendeu Simão Pedro.
O principal foco da audiência foi a recente tentativa de terceirização dos serviços de manutenção dos trens nos pátios das estações Itaquera e Jabaquara. Para a presidente do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa, esse serviço essencial para o bom funcionamento do transporte sobre trilhos deve ser feito por uma empresa pública, que não tem como objetivo final o lucro.
"A gente quer chamar a atenção da sociedade para que esses processos de terceirização colocam em risco a segurança dos passageiros. Esses serviços de manutenção do metrô têm que ser serviços feitos com o máximo de excelência, de conhecimento e com o máximo de capacitação dos seus trabalhadores e o conhecimento que foi produzido na empresa pública Metrô de São Paulo deve estar a serviço da segurança da população", disse Camila.
"Nós estamos muito preocupados com o nível de precarização do metrô. Todos os anos é votado o Orçamento nessa Casa e a gente vê que, infelizmente, existe um projeto de desestimular o financiamento público no metrô estatal, que é o que a gente aposta", afirmou a deputada Paula da Bancada Feminista, que criticou ainda a falta de transparência por parte do Executivo em relação aos planos de terceirização.
Manutenção
Há 30 anos no metrô paulista, o mecânico Sérgio Renato Magalhães, que trabalha em uma oficina pneumática, também se posicionou contra a entrega dos serviços de manutenção para a iniciativa privada. "A terceirização evidentemente fragiliza a manutenção. Virão trabalhadores que não tem uma experiência efetiva. A manutenção do metrô é muito específica, não é uma manutenção de carro. Ela tem equipamentos, métodos e sistemáticas específicas que não é de uma hora para outra que você entende. Nós mesmos, quando entramos no metrô, demoramos algum tempo até começar a ter essa experiência", explicou.
Segundo ele, o sistema de manutenção do metrô envolve diversos serviços, que precisam funcionar bem para que não aconteçam acidentes. Magalhães explicou que a limpeza de cabelos que caem na via, por exemplo, é essencial para que não haja incêndios e que um parafuso mal apertado pode resultar em uma tragédia.
"O acidente da linha 5 devia ser um alerta, um anúncio. Ele não é um fim, é um começo. A terceirização de elementos chaves pode gerar um acidente muito grave, de choque entre trens, como aconteceu na Grécia [acidente de 2023 que matou 57]. A lógica dos acidentes é assim: vão acontecendo pequenos acidentes, ficam mais graves, até que acontece uma morte. Essa morte devia parar tudo para estudarmos o sistema", afirmou. "Não dá para pensar focalmente em uma terceirização. É um processo que está preparando um acidente muito grave. Queremos denunciar isso com muita força", finalizou.
Contratos
Para a deputada Paula, outro ponto essencial a ser esclarecido para a população paulista é a forma de concessão que é feita no transporte sobre trilhos. Segundo ela, os contratos prejudicam e oneram o Estado, sem exigir contrapartidas concretas das empresas privadas.
"A empresa fica só com o lucro, só com a parte boa do contrato e se desobriga de garantir a manutenção, de fazer a instalação adequada de equipamentos que vão dar segurança aos passageiros. No caso do acidente da linha 5, existe um contrato entre que obriga o Metrô, uma empresa pública, a instalar um equipamento de segurança em uma linha privatizada e que era necessário nesse caso. Quais são as obrigações da empresa privada?", questiona a parlamentar.
Acidentes
No último dia 6, dois acidentes aconteceram no transporte sobre trilhos paulista. Por volta das 8h da manhã, Lourivaldo Nepomuceno, de 35 anos, morreu após ficar preso entre a porta do metrô e a da plataforma e ser arrastado pelo vagão na linha 5-Lilás do metrô. O acidente aconteceu na estação Campo Limpo, na zona Sul da Capital.
No período da tarde, passageiros tiveram que descer na via da linha 15-Prata do monotrilho, entre as estações Oratório e São Lucas, na zona Leste. Os usuários relataram ter visto outro trem vindo de encontro com o vagão que estavam e, por isso, apertaram o botão de emergência.
Assista à audiência pública, na íntegra, na transmissão feita pela Rede Alesp:
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