A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo recebeu, na tarde desta segunda-feira (26), audiência pública em defesa dos direitos dos entregadores de aplicativo. Em parceria com a deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP), a deputada estadual Monica Seixas do Movimento Pretas (Psol) trouxe para São Paulo a reunião da Comissão Participativa da Câmara dos Deputados - o que permitiu que os entregadores paulistas estivessem presentes no evento.

Monica Seixas destacou a importância de os trabalhadores estarem na audiência para discutir a regulamentação e pressionar as plataformas e o Poder Público. As demandas incluem aumento nas taxas por quilômetro rodado, pontos de apoio com banheiros ao longo da cidade, seguros para acidentes e questões de saúde e direito a férias.

"Quero saudar a constante mobilização dos senhores. Imagino que perder um dia de trabalho para empurrar o debate sobre direitos faz muita diferença na renda no final do mês. E vocês não param de lutar para tentar ter um pouco de dignidade no trabalho", afirmou Monica.

A deputada federal Sâmia Bomfim (Psol) pontuou que as discussões realizadas na audiência vão contribuir para formular políticas e disse que solicitará uma reunião com ministros do Supremo Tribunal Federal para discutir o tema.

"Por isso que a gente faz questão de ouvir cada uma das lideranças que podem apresentar visões diferentes, mas que caminham no sentido de que os trabalhadores merecem respeito e que não é justo que essas empresas sigam controlando todo o lucro sem dar satisfação sobre as taxas de entrega, sobre os critérios de bloqueio e na falta de apoio no caso de trabalhadores machucados", afirmou Sâmia Bomfim.

Participação política

Presidente da Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil, Edgar Francisco da Silva defendeu a mobilização dos entregadores por direitos trabalhistas e ressaltou a importância da participação política.

"Estamos aqui usando nosso poder de cidadão porque a gente votou e colocou pessoas aqui. E essas pessoas tem de fazer o trabalho de nos representar e escutar nossos problemas. É igual reunião de condomínio, a partir do momento que a gente não participa, não adianta reclamar pelo que decidiram por você e que te prejudica", pontuou.

Edgar da Silva apontou os malefícios dos algoritmos dos aplicativos na saúde e no bem-estar, estimulando uma carga excessiva de entregas. Para ele, esse problema seria corrigido pelo aumento das taxas por quilômetro rodado - garantindo a renda dos trabalhadores. "A manipulação algorítmica é pior do que dez patrões gritando no ouvido do entregador", disse.

O presidente da Associação explicou ainda que é difícil unir a categoria porque o trabalho de aplicativo pulveriza os trabalhadores pela cidade e dificulta a comunicação mútua. Nesse sentido, o ciclo-entregador Daniel Freitas falou da importância do diálogo entre os diferentes grupos - incluindo motociclistas, moto taxistas e ciclistas. "A gente precisa de uma união e alinhar as nossas disputas internas", afirmou.

Assista à audiência, na íntegra, na transmissão realizada pela Rede Alesp:

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