Aumento dos casos de gripe reforça necessidade de vacinação para evitar casos graves da doença

São Paulo apresentou alta incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), uma das principais complicações da infecção por gripe; especialista defende campanhas focadas nos grupos de risco
12/06/2025 16:00 | Saúde Pública | Gabriel Eid - Foto: Wikimedia Commons / Governo do Estado de São Paulo

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Imunizante está disponível em postos do SUS<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2025/fg346884.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Necessidade de ampliar a cobertura vacinal<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2025/fg346860.png' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Dados divulgados pelo Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na última quinta-feira (5), indicaram que o estado de São Paulo está com alta incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). A síndrome é uma das principais complicações da infecção pelo vírus da influenza e atinge especialmente os grupos de maior risco - como idosos, crianças, gestantes, pessoas com doenças crônicas e imunodeprimidos.

A campanha de imunização iniciada pelo Ministério da Saúde em abril deste ano define os grupos prioritários na estratégia vacinal. Números atualizados em 9 de junho apontam que 37,40% dos gestantes, idosos e crianças já se vacinaram, índice ainda distante da meta de 90% e dos 55,36% alcançados na campanha do ano passado.

Coordenadora do setor de pesquisa de vírus respiratórios da Unifesp, Nancy Bellei explica que o Brasil e o estado de São Paulo estão apresentando crescimento no número de casos de influenza desde abril e defendeu uma força-tarefa para garantir a imunização em serviços públicos de saúde especializados no atendimento dos grupos de maior risco - como hospitais do câncer, do coração e centros de referência do idoso.

"Na Unifesp, eu faço diariamente o teste dos colaboradores e pacientes e, por isso, a impressão que eu tenho é que, aqui em São Paulo, teremos uma epidemia mais intensa e de base mais alargada. Ou seja, um maior número de casos por mais tempo. Se a população não se vacinou, é necessário fazer uma força-tarefa nos serviços públicos que atendem pacientes com comorbidades, o que seria muito mais efetivo", aponta a médica.

Imunização

Epidemiologista e professora da Faculdade de Saúde Pública, Ana Paula Sato explica que a vacina da influenza é fundamental para a prevenção de complicações da gripe que podem levar à morte. Ela também pontua que a imunização precisa vir antes do período mais crítico de contaminações - durante o inverno - para evitar sobrecargas em hospitais.

"Os vírus respiratórios são influenciados por questões imunológicas, biológicas e comportamentais. No inverno, acabamos ficando mais em lugares fechados com muitas pessoas - por conta das temperaturas - o que favorece a circulação dos vírus", afirma a professora.

Tanto a especialista da USP, Ana Paula Sato, quanto Nancy Bellei, da Unifesp, concordam que - especificamente no caso da influenza - não existem evidências de que a vacina bloqueia de forma significativa a contaminação, mas sim os casos graves. Por isso, segundo elas, é primordial vacinar os grupos de risco.

Nancy Bellei, no entanto, aponta que existem efeitos indiretos que podem ajudar a diminuir a contaminação. "Quando as pessoas têm formas menos graves, elas ficam com menos sintomas, tossem menos e espalham menos vírus."

Cuidado

Maria da Conceição Gino Almeida, 72 anos, conta que se vacina desde a escola e que sempre incentivou os filhos a fazerem o mesmo. Ela afirma que se imuniza para proteger a si mesma e aos outros - já que trabalha como voluntária em um hospital de pessoas com câncer.

"Onde eu faço ginástica tem muitos idosos que se vacinaram no passado, vacinaram os filhos, mas agora estão contra a vacina. Sempre que essas pessoas vêm pra mim com esse papo, eu sento com elas e peço para conversar. Eu tento explicar porque a gente precisa se proteger para ver se elas conseguem aprender um pouco disso e pensar um pouco melhor", destacou Maria da Conceição.

Cíntia Pecinato, 56 anos, teve um diagnóstico de câncer de mama há seis anos e, por isso, se vacina todos os anos para a gripe. Ela conta que a vacinação é algo essencial para protegê-la no caso de infecções, como as que teve durante a pandemia. Nessa época, ela se infectou por Covid-19 e por influenza ao mesmo tempo.

"Se você não fizer isso você vai estar dando ponto para a doença. Você tem que fazer a sua parte como cidadã, que é se prevenir e prevenir quem está ao seu redor. Falar: eu tomei, tive a minha reação, mas estou bem. As pessoas que não tomam eu não sei o que passa pela cabeça delas, eu acho que não tem amor próprio", disse.

Atenção

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gripe pode causar até 650 mil mortes anualmente, atingindo principalmente as pessoas com mais de 75 anos. Estimativa de 2017 indicou uma taxa de 223 mortes a cada 100.000 indivíduos nesta faixa etária. As principais complicações envolvem a Síndrome Respiratória Aguda Grave e pneumonias, mas também podem incluir problemas cardiovasculares e agravamentos de doenças crônicas pré-existentes, como a asma.

A professora da USP, Ana Paula Sato, indica que falta uma comunicação mais assertiva de que a gripe é uma infecção perigosa e que pode ser fatal. "Isso envolve muito a divulgação. Muitas vezes as pessoas não têm percepção do risco da doença e da eficácia da vacina", aponta.

A médica Nancy Bellei destaca que a vacina da influenza envolve uma tecnologia antiga e consolidada. "A gripe é uma doença grave. E desde 1944 existe vacina da gripe praticamente sendo feita do mesmo jeito. É uma vacina que funciona e é algo mundialmente importante. É uma das vacinas mais antigas que tem."

Atualmente, a vacina está disponível para todas as pessoas acima de 6 meses de idade nos postos do Sistema Único de Saúde. Até o dia 27 de junho, também serão realizadas campanhas de imunização contra a gripe em estações de trem, metrô, terminais rodoviários e em alguns shoppings centers da Capital paulista. A única pausa será durante o feriado de Corpus Christi, nos dias 19 e 20 de junho.

Confira os locais de vacinação e os horários:

Estação Luz - CPTM: das 8h30 às 17h

Estação Engenheiro Goulart - CPTM: das 8h30 às 17h

Estação São Miguel - CPTM: das 8h30 às 17h

Estação Itaim Paulista - CPTM: das 8h30 às 17h

Estação Corinthians-Itaquera - CPTM: das 8h30 às 17h

Estação Perus - CPTM: das 8h30 às 17h

Estação Pirituba - CPTM: das 8h30 às 17h

Estação Pinheiros - Linha 9-Esmeralda ViaMobilidade: das 8h30 às 17h

Estação Vila Prudente - Metrô: das 9h às 16h (não haverá vacinação nos dias 11 e 12 de junho)

Terminal Rodoviário do Tietê: das 9h às 16h

Terminal de Ônibus Sacomã: das 8h às 16h

Terminal de Ônibus Cachoeirinha: das 9h às 16h

Terminal de Ônibus Dom Pedro II: das 9h às 17h

Terminal de Ônibus Cidade Tiradentes: das 8h30 às 17h (a vacinação se encerra no dia 16 de junho)

Shopping Butantã: das 10h às 17h (com início em 11 de junho)


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