Inverno agrava baixos estoques em bancos de sangue e acende alerta na luta para salvar vidas
27/06/2025 20:00 | Doe sangue, doe esperança | Matheus Batista - Fotos: Matheus Batista





O mês de junho marca os esforços de instituições de todo o mundo pelo alerta sobre a necessidade de doar sangue. Inspirada no Dia Mundial do Doador de Sangue, criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a campanha Junho Vermelho está colocada em um período oportuno para o alerta: o início do Inverno.
A doação de sangue pode ser feita ao longo do ano todo e os hemocentros estão sempre em busca de novos doadores, mas é em períodos de baixas temperaturas que essa tarefa se torna ainda mais árdua.
"Estamos no pior momento para um banco de sangue, porque em junho temos o que chamamos de 'três F's': frio, férias e feriado. O frio é péssimo para as pessoas, elas não saem", conta a supervisora do laboratório de processamento da Associação Beneficente de Coleta de Sangue (Colsan), Ingrid Oliveira.
A Colsan é um dos mais importantes hemocentros do estado e reconhecida como de Utilidade Pública (Decreto 37.057/1960). Criada em 1959, inspirada pela Cruz Vermelha, a instituição é hoje responsável pelo fornecimento mensal de cerca de 21,5 mil hemocomponentes para 100 hospitais paulistas.
Em São Paulo, e no Brasil como um todo, a captação de doações de sangue é feita por hemocentros, muitos deles de instituições não governamentais e beneficentes, como a Colsan e a Fundação Pró-Sangue. O sangue coletado e processado por esses bancos é utilizado em transfusões para todos os tipos de pacientes, que em comum compartilham a luta pela vida.
Coleta de sangue
Hoje, a Colsan atende toda a rede hospitalar da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo e unidades hospitalares da Rede SUS na Região do Grande ABC; Região de Jundiaí; Região de Sorocaba; Região do Vale do Ribeira; e os municípios de Santos, Itanhaém e Praia Grande.
A associação possui ainda hemocentros regionais em Jundiaí e em São Bernardo do Campo, onde está o centro de processamento, e é responsável pelo Hemonúcleo de Sorocaba. Por mês, cerca de 13,5 mil bolsas de sangue são coletadas nesses postos regionais e são elas que atendem toda a cadeia de hospitais conveniados à Colsan.
"Cada hospital tem seu perfil transfusional que vai dizer a quantidade que ele precisa. Vai pelo tipo de cirurgia, se é de grande porte ou não, ou se é um hospital oncológico, que precisa receber mais. São muitas complexidades que tenho que atender", explica Ingrid Oliveira, responsável pelo processamento do sangue coletado pela Colsan.
Desafio diário
Ingrid explica que a Colsan faz parte da Hemorrede, que concentra hemocentros de São Paulo para a disponibilização de bolsas de sangue por meio do SUS. "Temos que dispor do sangue para todo o estado, além dos hospitais que têm contrato com a gente. Recentemente, a Fundação Pró-Sangue e outros bancos pegaram sangue com a gente", diz.
O trabalho dessa grande rede, que organiza e distribui bolsas de sangue por todo o território paulista, se torna um grande quebra-cabeças quando a realidade é a falta de bolsas de sangue para atender a demanda existente.
"Hoje temos bem pouco sangue. A demanda aumentou, a gente tem muitas transfusões, muitos pacientes oncológicos, muitas cirurgias, mas o número de coletas não acompanhou esse aumento", alerta Ingrid.
De acordo com a especialista, esse esquema de trabalho, com o número de coletas e saídas em constante empate, pode colapsar o sistema de Saúde paulista. "A Colsan recebe cerca de 13 mil doações por mês e, por mês, para transfusão e distribuição, dá quase isso também. Então é uma coisa que está sempre igual e isso não pode acontecer, eu preciso ter uma 'gordura' para o próximo mês, principalmente em feriados e no período do frio", diz Ingrid.
De acordo com o Ministério da Saúde, em 2024, 1,6% da população brasileira doou sangue. Quando se fala em doadores regulares, que sempre doam dentro dos intervalos recomendados, esse número cai para 1,4% dos brasileiros.
Rotina da doação
Ingrid também alerta para outra característica importante no ciclo da doação de sangue, que é a validade das células do material coletado. Quando doamos sangue, o material coletado é processado por laboratórios como o da Colsan, que o separam em glóbulos vermelhos, plasma e plaquetas.
Os glóbulos vermelhos, chamados de hemácias, que é a parte mais utilizada do sangue, tem validade de 35 dias. "Elas nem chegam a ficar todos esses dias em estoque", ressalta Ingrid, por conta da alta saída de bolsas. O plasma, usado para reposições específicas, tem validade de até um ano.
A parte mais crítica são as plaquetas, que possuem apenas cinco dias de validade. Elas servem para ajudar pacientes com problemas de coagulação sanguínea, especialmente aqueles em tratamento de leucemia e outros tipos de câncer, em transplantes de medula óssea e para vítimas de traumas.
Por conta da validade limitada, bancos de sangue reforçam a necessidade de doações diárias, que permitam componentes sempre à disposição. "De segunda a quinta temos baixas coletas. Sábado é o dia que mais temos. Precisaríamos que as pessoas viessem também durante a semana, justamente para ter liberação para o final de semana. É tudo consequência do estoque", explica Ingrid.
De acordo com o Artigo 473 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), doadores têm o direito de faltar um dia de serviço para a doação de sangue, desde que devidamente comprovada.
Doe sangue, doe esperança
Para doar sangue, é preciso estar em boas condições de saúde, ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 50 quilos, evitar alimentos gordurosos quatro horas antes à ação e ter dormido pelo menos 6 horas. Procure o banco de sangue mais próximo de você. Leia mais sobre o que é preciso para doar sangue.
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