Moradores das comunidades Souza Ramos e Iguatemi se mobilizam contra ameaça de despejo pela CDHU
01/07/2025 15:18 | Injustiça | Fernanda Franco - Fotos: Gabriel Eid












Moradores das comunidades Souza Ramos e Iguatemi, localizadas na cidade Tiradentes, zona leste da capital, se reuniram em uma audiência pública, nesta segunda-feira (30), contra a ameaça de despejo por parte da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) para a construção de um parque. Promovido pelo deputado Luiz Claudio Marcolino (PT) e pelo vereador da Capital Alessandro Guedes (PT), o evento lotou o auditório Paulo Kobayashi da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, tendo sido transmitido no auditório Franco Montoro à outra parte dos moradores presentes.
"As famílias foram pegas de surpresa. Um certo dia, o pessoal da CDHU chegou lá e começou a fazer a selagem das casas", disse o ativista social e líder do movimento das famílias na região, Hamilton Clemente. "Eles não avisaram ninguém que teria esse projeto de construção de um grande parque", completou.
"Essa audiência pública é para ouvirmos essa população", ressaltou Luiz Claudio Marcolino. O deputado caracterizou o comportamento da CDHU como uma imposição e que isso jamais deve ser aceito. "A casa dessas pessoas não foi colocada à venda. Então se a CDHU quer, por qualquer motivo, fazer a desapropriação das famílias, tem que ser feito no chave a chave - trocar uma desapropriação por uma casa em outro local perto de onde moram", disse.
O vereador Alessandro Guedes (PT) também demonstrou indignação. "A CDHU não pode chegar de maneira arbitrária e desalojar as pessoas sem o mínimo de atendimento habitacional e diálogo", criticou. Para os parlamentares, o principal objetivo a princípio é que os moradores não sejam removidos de maneira forçada.
A audiência também reuniu advogados, lideranças comunitárias e representantes da Defensoria Pública para ajudar os moradores na busca por soluções concretas e socialmente justas. Em meio a vaias aos representantes da CDHU que não compareceram ao evento, os moradores reafirmaram a luta por condições dignas de moradia.
Em busca de diálogo
"A ideia aqui é inverter: ao invés de vocês ouvirem a gente, é a gente que vai ouvir vocês", começou o deputado Marcolino. Ao todo, 10 moradores pronunciaram sua indignação e reforçaram a necessidade de lutar juntos. Dentre eles, a diretora da EMEF Saturnino Pereira há 14 anos, Rute Rodrigues, destacou as gerações de famílias que já passaram pela escola. "Nós temos acompanhado a luta constante dessa comunidade, que sofre dois ataques ao mesmo tempo: de privatização das escolas e de retirada do seu povo e de suas casas", pontuou.
Hamilton Clemente contou ainda que a regularização da área é uma luta antiga e que abrange outras comunidades. "Não vamos aceitar o que estão fazendo porque é um absurdo. A comunidade Iguatemi, por exemplo, existe há 55 anos. Tem mais de três gerações aqui", afirmou.
Meio ambiente e ser humano
O defensor público responsável pelo Observatório das Comunidades, Rafael Negreiros, destacou a disposição da defensoria em contribuir com a luta da comunidade. "Pertencimento a uma localidade é um conceito muito maior de moradia. Algo que é a identidade de cada um de vocês individualmente e como comunidade", disse.
Ele defendeu que é possível compatibilizar o meio ambiente com o ser humano para construir uma noção de direito que envolve moradia digna. "É preciso fazer um projeto de regularização fundiária que recupere áreas verdes, mas preservando moradias, para que a população seja uma solução para a questão ambiental", afirmou.
A CDHU ainda não confirmou oficialmente quantas famílias serão removidas, nem os critérios de reassentamento. Enquanto isso, a comunidade segue apreensiva diante da falta de garantias sobre onde vão morar.
"A gente não tem para onde ir"
Michele Passos, auxiliar de limpeza, mora há 20 anos com o marido, Elias - aposentado por invalidez - e os quatro filhos, dois deles com deficiência visual, no bairro Iguatemi. Há cerca de 2 meses, vivem dias de incerteza diante da ameaça de remoção feita pela CDHU, que planeja construir uma praça na área ocupada por dezenas de famílias. "Quando soube da notícia, senti como se tivesse perdido meu chão, meu pedacinho de terra", desabafou Michele.
A família teme que a retirada do local interrompa o vínculo afetivo e o acompanhamento dos serviços públicos da região, como o posto de saúde e a escola dos quatro filhos que estão no ensino fundamental. "Foi tudo construído com muito suor. Agora que conhecemos o lugar, gostam, querem tirar a gente daqui. É uma maldade. A gente não tem para onde ir", disse Michele.
Outro morador, Fábio Aparecido de Moraes Gonçalez, que vive há 16 anos no bairro, também denunciou o sentimento de abandono. "Eles disseram que iam fazer um censo de quantas pessoas moram em área de risco na região, mas não garantiram moradia para todo mundo", contou. Segundo ele, a única promessa foi um auxílio-aluguel de R$ 600 por um ano. "E depois disso você se vira", criticou.
Para Michele e Fábio, que assim como outros moradores deixaram de ir ao trabalho para estarem presentes na audiência pública, o sentimento é de injustiça. Eles esperam ter garantias concretas de que não perderão suas casas. "A gente se sente desacolhido. O mínimo que esperamos é poder continuar morando lá ou receber um valor digno para comprar nossa casa", contou Fábio.
Assista à audiência, na íntegra, na transmissão feita pela Rede Alesp:
Notícias mais lidas
- Deputado participa de missão oficial a Taiwan e busca ampliar cooperação com potência asiática
- Aprovado na Alesp, novo valor do Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804, é sancionado
- Entra em vigor hoje o novo Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804
- Vitória dos pescadores: artigo que restringia acesso ao seguro-defeso é suprimido
- Alesp aprova projeto que garante piso salarial nacional a professores paulistas
- São Vicente: a importância histórica da primeira cidade do Brasil
- Na Alesp, familiares, amigos e colegas de profissão se despedem do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes
- Sindicatos da Polícia Civil cobram envio de projeto da nova Lei Orgânica à Alesp
- Demanda antiga, Lei aprovada na Alesp unificou categoria de policiais penais
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações