93 anos depois, Revolução de 1932 está marcada em diferentes regiões do estado de São Paulo
09/07/2025 04:00 | Especial 9 de julho | Gabriel Eid - Fotos: Rodrigo Romeo, Wikimedia Commons, Pref. Americana e Michel Lopes/Pref. Buri







Todos os anos, no dia 9 de julho, o estado de São Paulo se mobiliza para lembrar o aniversário daquele que foi um dos eventos mais centrais no imaginário paulista e que marcou profundamente a história de municípios de norte a sul do estado. É difícil encontrar localidades que não tenham pelo menos alguma alusão à Revolução de 1932, mas existem aqueles pontos onde estes memoriais se destacam e representam oportunidade de incentivo ao turismo histórico.
O início da década de 1930 representou um período de ebulição para São Paulo. Demandas variadas surgiam em diferentes esferas da sociedade: a elite política e econômica paulista se mostrava insatisfeita com a perda do protagonismo ocupado durante a República Velha e as reivindicações por participação política - em meio à um governo provisório que ainda não tinha uma Constituição - marcavam as manifestações sociais.
O assassinato dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, ocorrido durante uma das manifestações, foi o estopim do levante paulista. As iniciais dos jovens deram nome ao movimento de resistência: MMDC. E finalmente, em 9 de julho daquele ano, foi declarada guerra ao governo de Getúlio Vargas, marcando o início de um conflito que durou três meses e reuniu diferentes classes sociais, organizações políticas e municípios.
A mestra em história pela USP, Jullyana Luporini, lembra que o conflito reuniu nas frentes de batalha não só pessoas da classe média interessadas em se alistar voluntariamente, mas também populações excluídas e marginalizadas socialmente - como filhos de escravizados e indígenas.
Segundo a pesquisadora, apesar de São Paulo ter perdido a guerra e não ter conseguido alcançar o seu objetivo central - que era derrubar o governo provisório -, a Revolução de 1932 trouxe projeção para São Paulo. Jullyana recorda que o processo de estabelecimento de uma nova Constituição - que já tinha sido iniciado antes do levante e foi uma das principais bandeiras das tropas paulistas - foi concretizado em 1934.
"Quando a gente está falando da Revolução de 1932 temos que nos atentar para a diferença entre história e memória. São Paulo, apesar de ter perdido a batalha, teve ganhos políticos porque depois o Getúlio vai realmente instituir essa Constituinte e São Paulo se organiza politicamente."
As memórias deste evento histórico e as discussões que podem se originar dele estão presentes nas diversas localidades impactadas pela guerra e cuja população se mobilizou pelos ideais da Revolução Constitucionalista. Para os interessados em rememorar esses acontecimentos, o estado de São Paulo guarda uma verdadeira rota histórica de 1932.
Cruzeiro
O município de Cruzeiro, localizado na região do Vale do Rio Paraíba, foi o cenário central da guerra de 1932. Próxima da fronteira com Minas Gerais e Rio de Janeiro, a região foi um dos principais alvos das incursões federais e também um dos principais pontos de agrupamento das tropas paulistas. Os paulistas desejavam, a partir de Cruzeiro, tomar o estado fluminense - que na época abrigava a Capital Federal.
O Túnel da Mantiqueira, ligação entre o município paulista e a cidade de Passa Quatro, em Minas Gerais, foi um dos principais cenários do conflito na região. O túnel acabou se tornando ponto de embate entre paulistas e mineiros aliados do governo federal. Até os dias de hoje, ainda podem ser encontrados vestígios do conflito, como cápsulas de armamentos caídas em meio aos trilhos da velha linha de trem.
A maioria dos estados vizinhos - com exceção do Mato Grosso do Sul - se alinharam com o governo federal por entender que a causa dos paulistas não era interessante e pela boa articulação que mantinham com o governo getulista. Para a historiadora Jullyana Luporini, estudar as tensões políticas da época é uma oportunidade de entender as disputas de poder entre as federações.
A cidade de Cruzeiro também conta com o Museu Major Novaes, que reúne peças históricas utilizadas no conflito. Outro local importante é a imagem de Nossa Senhora de Aparecida, que foi colocada na divisa entre Cruzeiro e Passa Quatro logo após o fim do conflito e representa as aspirações pela paz depois da guerra. O local é visitado por muitos fiéis e romeiros, mas também pelos interessados na história da Revolução de 1932.
Obelisco
A cidade de São Paulo foi o epicentro das primeiras manifestações que levaram ao conflito de 1932. Um dos protestos mais lembrados do processo de revolta - que deixou os estudantes MMDC mortos - aconteceu no dia 23 de maio e hoje dá nome a uma das principais avenidas da Capital paulista.
A avenida 23 de maio termina em um monumento de 72 metros de altura em homenagem aos "heróis de 32", um dos principais memoriais da cidade. O famoso Obelisco está localizado a poucos metros da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e guarda o mausoléu dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo.
A estrutura do monumento foi projetada pelo escritor ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabilli e construída pelo engenheiro alemão Ulrich Edler. O Obelisco começou a ser levantado em 1947, mas só foi inaugurado em 1955, ainda no embalo das comemorações dos 400 anos de São Paulo. A proximidade com o Parque Ibirapuera, inaugurado também neste período, foi parte de um processo de intensa valorização da cultura paulista.
A historiadora Jullyana Luporini nota que a memória construída a respeito da Revolução de 1932 ocupou um papel muito importante no imaginário de São Paulo - maior do que a própria dimensão e duração do conflito em si. Por isso, segundo ela, é importante que o tema seja alvo de discussão e reflexão.
"Precisamos ter essa abordagem porque a gente consegue inclusive pensar como que o conflito conseguiu, ao longo do tempo, conquistar corações e mentes e fazer com que as pessoas até hoje comemorem uma data de uma batalha que São Paulo perdeu. É interessante pensar nisso", comenta.
Buri
Apesar do conflito se concentrar nas regiões do Vale do Paraíba - pela proximidade com a Capital Federal -, a região sul do estado de São Paulo também teve papel importante na guerra.
Em 1932, o município de Buri, no Vale do Ribeira, tinha pouco mais de dez anos de fundação e foi palco de uma batalha de 17 horas, ocorrida em 26 de agosto. O episódio ficou marcado como a batalha mais longa da Revolução Constitucionalista e o segundo mais longo da história da América Latina.
Os conflitos na região apresentaram uma alta mortalidade. Algumas estimativas indicam que nas batalhas ocorridas no município morreram aproximadamente 300 pessoas. O número de mortos em toda a Revolução de 1932 é oficialmente de 943 pessoas.
A cidade teve um papel fundamental no conflito pela proximidade com a fronteira sul do estado, que recebeu ofensivas de tropas do Rio Grande do Sul - aliadas do governo federal. Em 2012, a inauguração de um monumento e de uma placa em homenagem aos mortos no conflito mobilizou grande parte da cidade.
Campinas
O Cemitério da Saudade está localizado próximo à região central de Campinas e abriga mais de 3 mil sepulturas. De estilo arquitetônico tradicional, o local foi tombado em 2003 e é reconhecido pelo seu valor artístico e histórico - principalmente do período do ciclo cafeeiro da região. As marcas da Revolução de 1932 também estão presentes.
O cemitério guarda homenagem aos 16 combatentes mortos após ataques de aviões do governo federal em Campinas. O grupamento aéreo atacou a Estação Paulista, importante entroncamento ferroviário e tinha o objetivo de dificultar o envio de armas e suprimentos.
Os bombardeios duraram, ao todo, duas semanas e vitimaram uma criança, que foi atingida por estilhaços da bomba. Seus restos mortais foram enterrados em Campinas e depois transferidos para o Obelisco de São Paulo. Aldo Chioratto é a única criança homenageada no Obelisco.
Americana
A poucos quilômetros de Campinas, a cidade de Americana também guarda um memorial dos acontecimentos da Revolução Constitucionalista. A cidade teve 100 soldados que participaram da guerra. Na Praça Comendador Müller, há um monumento de bronze em homenagem aos que morreram no combate.
Do total de alistados para a guerra, três americanenses morreram e são lembrados pelo memorial: Aristeu Valente, Jorge Jones e Fernando Camargo.
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