Do terrão ao society, futebol amador une população do Interior de São Paulo
19/07/2025 07:00 | Dia do Futebol | Gabriel Eid - Fotos: Flickr/Pref. Americana e Divulgação / Itatinga Futsal e Turbinada FC



Quando o futebol chegou ao Brasil e começou a se tornar conhecido no início do século 20, o esporte ainda era muito restrito à participação das elites econômicas. Isso, no entanto, não impediu que as diversas classes sociais se organizassem para jogar o novo esporte que se tornou paixão nacional.
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Sem campos adequados, muitos times se formaram e tomaram várzeas de rios ainda não aterrados, na Capital paulista, para jogar entre si. Assim nasceu o futebol de várzea, que resistiu ao rápido processo de profissionalização do esporte, em meados da década de 1930.
Os times de várzea se multiplicaram e tomaram conta de todo o estado de São Paulo, muito além da Capital. Na atualidade, os campeonatos de futebol amador organizaram-se e passaram a acontecer em diversos locais - incluindo quadras, campos e societys. Mesmo assim, seus participantes nunca abandonaram as origens varzeanas.
Time de amigos
O atleta amador Leo Lopes é jogador do Turbinada Futebol Clube, time original de Itatinga, no Interior paulista. Ele explica que a equipe nasceu de uma reunião informal de amigos e da vontade de jogar futebol para se divertir. "Os fundadores tinham uma adega chamada Turbinada. Eles estavam jogando truco e falaram em montar um time com a galera das antigas", conta.
O jogador explica que o time começou a participar dos campeonatos regionais, conquistou o carinho da população e passou a ganhar títulos. Segundo ele, todo esse sucesso foi resultado da forte paixão da cidade pelo futebol amador. E também só foi possível a partir da estrada construída pelos primeiros times de várzea da cidade.
"A nossa torcida é a torcida mais chata que existe. A galera aqui abraçou o time de uma forma que foi até engraçado. Hoje, se você chegar em Itatinga e perguntar que time você torce, uma grande maioria vai falar Turbinada. É um time de molecada. E molecada atrai molecada", afirma.
Os jogos do campeonato regional acontecem do início do dia até o fim da tarde, aos domingos, trazendo lazer e integração para a população da cidade. A presença de amigos, família e apaixonados por futebol é marcante, seja nos jogos de quadra ou nos campos.
Leo Lopes defende que o futebol amador é uma importante ferramenta para estreitar os laços entre a comunidade através do amor pelo esporte e, ao mesmo tempo, motivar aqueles que tiveram sonhos atrelados ao futebol. "Hoje em dia a várzea proporciona isso para todos que sonharam, um dia, em ser jogador, todos que esperaram e não tiveram aquela oportunidade", diz.
O atleta conta que até as coisas mais simples são muito significativas para as pessoas que sempre tiveram os olhos brilhando ao ver uma transmissão de futebol na televisão. Para ele, as fotos que o time tira antes da partida, de forma semelhante aos jogadores profissionais, são exemplos disso.
Destaque
Formada em Educação Física, Cristimeire Macedo é treinadora do time de futsal feminino de Itatinga. Este ano - depois de um longo período batendo na trave - elas foram campeãs da Copa Record, uma das importantes competições regionais de futebol amador no Interior de São Paulo. É comum que empresas de comunicação e suas afiliadas realizem competições como essa.
A treinadora conta que a paixão por esportes e, especificamente, pelo futebol vem desde as brincadeiras da infância. Segundo ela, esta é uma marca de Itatinga. "Aqui o povo é apaixonado por esportes. Eu costumo dizer que se tiver um campeonato de queimada eles vão assistir e vão torcer", brinca.
Cristimeire indica que os campeonatos vêm crescendo e se tornando mais organizados a cada ano. As origens da várzea perduram, mas parte da organização existente nas partidas profissionais é incorporada pelos campeonatos. "Os jogos têm mais cuidado com uma comissão de arbitragem e mesários. Não é mais aquele pensamento de 'só vamos por jogar'. Hoje em dia, está com um pézinho mais profissional", afirmou.
A treinadora realiza trabalhos sociais com crianças e jovens da cidade que, depois de crescer, se juntam ao time de futsal de Itatinga. Para ela, o futebol feminino está ganhando visibilidade, o que é muito positivo para todas as meninas com as quais trabalha. "Não está onde gostaríamos, mas já deixou de ficar lá atrás. É um esporte que vem caminhando. De uma certa maneira hoje ele já é mais notado."
Cristimeire indica que o futebol vai muito além da promoção da saúde. Segundo ela, a prática - mesmo dentro do universo amador - pode garantir inclusão social. "O esporte é um transformador social. Se as políticas públicas fossem um pouco mais voltadas para a vulnerabilidade dessas crianças e jovens tudo seria diferente", afirma.
Parte dessa transformação passa pela visibilidade e engajamento da população da cidade e dos municípios vizinhos. Muitas vezes esta presença ainda é motivo de surpresas, principalmente com as mudanças trazidas pelas redes sociais. "A gente tem o nosso perfil e dentro da competição a gente chegava a bater 80, 90 mil visualizações. Isso é uma coisa nova para a gente de uma cidade de 20 mil habitantes", resume.
Tanto Cristimeire Macedo quanto Leo Lopes, integrantes dos times de várzea de Itatinga, concordam que toda a paixão pelo esporte amador deveria ser mais aproveitada pelo Poder Público. Dentro destas políticas estão incluídas a preservação dos equipamentos esportivos públicos, com manutenção frequente, e investimento em equipes de base, voltadas principalmente para a população mais vulnerável.
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