Solenidade na Alesp homenageia pessoas e instituições que buscam por desaparecidos
29/08/2025 20:09 | Dia Estadual da Pessoa Desaparecida | João Pedro Barreto - Fotos: Rodrigo Costa





Homenagem a quem nunca desistiu de procurar. Com esse mote, um ato solene, realizado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, condecorou cerca de 50 ativistas, familiares e instituições que buscam ou auxiliam na busca por desaparecidos. O evento, promovido pelo deputado Márcio Nakashima (PDT) na tarde desta sexta-feira (29), marcou a véspera do Dia Estadual da Pessoa Desaparecida e contou com a presença de pessoas que buscam por seus entes queridos há décadas.
"Eu não estou aqui como mero espectador. Em 2010, vivi pessoalmente essa dor quando minha irmã, Mércia Nakashima, antes de ser encontrada sem vida, ficou 19 dias desaparecida. Foi nesse momento que compreendi o drama dilacerante de quem busca seus entes queridos, respostas e muitas vezes só encontram silêncio", disse o deputado.
Uma das homenageadas na cerimônia, Graciete da Silva Bandeira busca pela filha Graciane há 20 anos. Ela desapareceu de dentro de casa, aos 18 anos, no município de Paiçandu, no Paraná. Graciete percebeu a falta da filha na noite do mesmo dia, perguntou para pessoas próximas se haviam visto Graciane e registrou o boletim de ocorrência. Ela afirma que, à época, os policiais foram negligentes e não se empenharam na busca. Desde então, ela tem pouquíssimas pistas do que aconteceu com sua filha.
"Enquanto há vida, há esperança. Eu penso comigo mesmo que enquanto não tem corpo, tem vida. Até hoje não me falaram nada em relação a ela estar morta. A gente busca de todas as formas, de todas as maneiras. Faz o que está ao nosso alcance e o que não está. Eu tenho fé em Deus que eu vou encontrar minha filha com vida", afirmou Graciete.
A mãe apontou ainda a importância das instituições que reúnem pessoas em situações semelhantes à dela e que também foram condecoradas no ato solene. "Uma dá força para a outra. Às vezes o caso não é idêntico, mas a dor é a mesma. As pessoas se ajudam, divulgam. Muitas mães não sabem como agir, o que fazer quando um filho desaparece, como fazer um boletim de ocorrência. A gente vai se ajudando para conseguir o mesmo objetivo que é encontrar os nossos filhos", explica ela.
Políticas públicas
A diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil paulista, Ivalda Aleixo, participou da solenidade e defendeu a inclusão do estado de São Paulo no Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas. "Vamos entrar nesse banco nacional nem que seja na marra", disse ela, que se mostrou indignada pelo fato de o estado mais rico e que possui o maior número de desaparecidos no país não tenha aderido à iniciativa lançada, oficialmente, nesta semana pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. "A gente tem que ter esse banco de dados. Ele precisa ser nacional e ser alimentado com seriedade, com dados importantes", detalhou a delegada.
Ela ainda defendeu a ampliação de parcerias com empresas de tecnologia para ajudar no que chamou de "investigação digital". "A gente tem que conseguir ter um acesso mais rápido a algumas informações como por exemplo transações de cartão ou pix se usou aplicativos de transporte ou delivery, precisamos saber onde aquele telefone foi visto pela última vez. A pessoa vai deixando rastros. A tecnologia ajuda", explicou Ivalda.
"Ninguém aqui quer acessar a vida privada de ninguém. Pedir isso judicialmente, ter que instaurar um inquérito leva muito mais tempo e o tempo é crucial para, quem sabe, encontrar essa pessoa com vida", completou a diretora do DHPP.
Ela citou que esse tipo de acesso é amplamente usado em casos de sequestro e pediu as mesmas ferramentas. "Quando eu falo que meu filho foi sequestrado, a divisão de sequestro tem acesso a tudo, porque envolve dinheiro. Nós, da divisão de desaparecidos, precisamos pedir pelo amor de Deus para ter acesso a um banco de dados. Lógico que é importante o combate aos sequestros, mas quando chega um pai falando que o filho não voltou para casa na noite anterior a gente não tem essa rapidez. Eu quero igual a do sequestro. A delegacia de desaparecidos é muito importante", defendeu.
Suporte
O gabinete do deputado Márcio Nakashima possui um núcleo que oferece apoio jurídico e psicológico a familiares de desaparecidos, que já atendeu 2,6 mil casos, conseguindo localizar 1,3 mil pessoas. Nesta semana, Nakashima protocolou o Projeto de Lei n° 888/2025, que visa instituir políticas públicas voltadas à promoção de buscas por pessoas desaparecidas.
Para Ivalda Aleixo, os familiares não podem ter vergonha de procurar a delegacia e registrar boletins de ocorrência caso notem algo de incomum na rotina de familiares. "São hábitos, é rotina. Saiu daquela rotina, não interessa se foi dez minutos, uma ou duas horas. O comportamento está estranho, percebeu alguma coisa? É muito importante comunicar à Polícia", apontou a diretora, explicando que é lenda que é necessário esperar 24 ou 48 horas para procurar as forças policiais em casos de desaparecimento.
A delegada ainda orientou aos familiares a contarem tudo que sabem, desde quadros depressivos, até uso de entorpecentes ou problemas com jogos e apostas, questões que podem fazer com que alguém saia de casa voluntariamente. Disse ainda que os policiais são orientados a escutar todos os detalhes com atenção para procurar indícios que ajudem nas investigações. "O desaparecimento é muito angustiante. Olhar para os olhos de uma mãe, ela perguntar se encontrei a filha dela e eu não ter resposta, isso não sai da cabeça da gente", contou Ivalda.
Assista à solenidade, na íntegra, na transmissão realizada pela Rede Alesp:
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