Comissão da Alesp debate preservação histórica do Bixiga em obras da Linha 6-Laranja do Metrô
25/09/2025 14:46 | Herança afro | Matheus Batista - Fotos: Gabinete Ediane Maria

A Comissão de Infraestrutura da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo realizou, nesta quarta-feira (24), uma audiência pública com moradores do bairro do Bixiga, na Capital, para debater a preservação da tradição afro-brasileira da região onde está sendo construída a futura Linha 6-Laranja do Metrô.
O local se tornou centro do debate sobre preservação após a descoberta, em 2022, durante as obras da Linha 6-Laranja, de um sítio arqueológico com um rico conjunto de artefatos ligados ao Quilombo Saracura, um importante reduto negro do século 19.
Na reunião desta quarta-feira, realizada na Igreja Nossa Senhora de Achiropita, na Bela Vista, parlamentares, historiadores e movimentos sociais da região expressaram a preocupação com a conservação da herança tipicamente preta do bairro.
"Queremos garantir o respeito à história desse território, que é um território negro e de resistência, para que a população do estado de São Paulo conheça cada vez mais essa história que foi ocultada", disse o deputado Guilherme Cortez (Psol).
Tradição
O Quilombo Saracura foi um importante assentamento urbano localizado no Bixiga, na região central da cidade, que serviu de refúgio para pessoas escravizadas fugidas durante os séculos 19 e 20.
Desde que o sítio arqueológico foi encontrado, o movimento 'Mobiliza Saracura Vai-Vai' tem lutado para a construção de um memorial que reúna os artefatos encontrados e reforce a tradição afro do local.
"A nossa luta é muito por memória, mas é também para revelar e reforçar a conexão que a memória tem com o direito à cidade e à existência", ressaltou Luciana Araújo, moradora do Bixiga e integrante do Mobiliza Saracura.
As escavações do Metrô revelaram peças de cerâmica, vidro, couro de sapatos e até representações de orixás.
"É uma oportunidade única de fazer uma reparação histórica à memória negra desse bairro, a partir do ponto de vista do patrimônio e de uma perspectiva popular. O patrimônio é uma dimensão de direitos, de políticas públicas e de identidade", afirmou a diretora do Centro de Preservação Cultural da USP, Flávia Brito do Nascimento.
"Esse é um debate muito óbvio que precisamos ter e precisamos nos mobilizar para que aconteça. [A população negra] não pode viver em uma cidade em que ela é varrida para fora ao final da tarde. Temos que saber quem construiu esse bairro", afirmou a deputada Ediane Maria (Psol).
O Executivo
Os artefatos encontrados no sítio arqueológico estão sob responsabilidade da empresa responsável pela escavação e de uma consultoria indicada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A deputada Paula da Bancada Feminista (Psol), que propôs a audiência, reivindicou a apresentação de todas as peças encontradas ao público. "Foram coletadas mais de 110 mil peças, 30 mil catalogadas e só mil foram apresentadas à comunidade. Nós temos a preocupação de que as empresas forneçam todas as informações sobre essas peças", afirmou a parlamentar.
Representantes de órgãos governamentais, como da Artesp (Agência de Transporte do Estado) e do Iphan, participaram da audiência.
O diretor-presidente da Artesp, André Isper Rodrigues Barnabé, afirmou o compromisso com a construção de um projeto arquitetônico que contemple as reivindicações da comunidade. "Já conversei com a construtora para nós avançarmos com essa ideia a nível executivo. Como diretor da agência, tenho o prazer de apresentar isso à bancada", disse.
Coordenadora do Iphan, Jeanne Crespo explicou a participação do instituto no processo. "O Iphan está acompanhando e monitorando as obras de toda a linha. A nossa responsabilidade é preservar e salvaguardar essas referências culturais de todos os grupos formadores da sociedade brasileira e esse sítio arqueológico é referencial. A possibilidade de uma estação com esse caráter museal-educativo é de extrema importância", reforçou.
Representante da consultoria arqueológica responsável pelo tratamento das peças encontradas, Luiz Juliani deu detalhes sobre a operação. "O processo está de acordo com os regramentos do Iphan e com todo o cuidado que o material arqueológico precisa. Cada peça que sai desse sítio é tratada individualmente, lavada manualmente e armazenada", disse.
Quanto ao acesso do público aos artefatos, Juliani afirmou trabalhar para encaminhá-los ao Centro de Arqueologia de São Paulo (Casp), órgão da prefeitura da Capital. "Temos a intenção de disponibilizar esses materiais para o Casp o mais rápido possível. A gente acredita que ali seja mais fácil o acesso constante da população", afirmou.
Assista à audiência, na integra, pela transmissão feita pela Rede Alesp:
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