20 anos de Copane: conselho promove inserção de nordestinos em SP

Criada na Alesp, Lei 12.061/2005 instituiu órgão que tem como principal objetivo defender direitos da comunidade nordestina no estado
26/09/2025 19:25 | Imigração | Giullia Chiara - Foto: Carol Jacob/ Governo de SP

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Membros do Copane em visita à Alesp 2024<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2025/fg353579.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Presidente do Copane Benedito André Costa<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-09-2025/fg353580.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

"As oportunidades em 1988 eram muitas, na época a gente só precisava ter coragem para trabalhar. E o nordestino tem muita coragem de trabalhar", relata Rita de Cássia Gomes de Queiroz, de 62 anos.

A técnica de enfermagem - hoje aposentada - saiu de Fortaleza rumo a São Paulo em busca de uma vida melhor. "Quando eu cheguei aqui, já comecei a trabalhar em uma indústria e logo arrumei serviço em uma multinacional. Isso foi maravilhoso para mim. O salário também era bom, porque lá em Fortaleza era só o salário mínimo, aqui não", conta ela, que encontrou no ramo da metalúrgica uma oportunidade.

Segundo o levantamento realizado em 2022 pelo Censo Demográfico do IBGE, 6,8 milhões (65,5%) de nordestinos que viviam fora da sua região de nascimento residiam na Região Sudeste do país. Assim como Rita, muitos deles migraram para São Paulo com o objetivo de ampliar oportunidades de trabalho.

Comunidade

Com o alto fluxo de imigrantes nordestinos, surgiu a necessidade de criar um órgão estadual que olhasse para as demandas dessa população, segundo o presidente do Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Nordestina de São Paulo (Copane), Benedito André Costa.

A Lei 12.061/2005, de autoria do ex-deputado Paschoal Thomeu, instituiu, há 20 anos, o conselho, cujo principal objetivo é promover atividades para a defesa dos direitos da comunidade nordestina e a garantia da sua plena inserção na vida sócio-econômica e político-cultural do estado.

"A gente vem do Nordeste para cá sem nada, em busca do sonho de trabalhar aqui e promover o sustento daqueles que ficaram lá. Muitas vezes somos discriminados. A partir daí, surgiu a necessidade de criar um órgão estadual que olhasse para essas questões", explica Benedito. O presidente participou de uma entrevista no programa "Nos Bastidores", da Rede Alesp.

Ligado à Secretaria de Justiça e Cidadania, o conselho também assessora o Poder Executivo na elaboração de programas ligados à comunidade nordestina, além de desenvolver estudos, debates e pesquisas sobre o tema. "Com o povo vindo até nós, conseguimos fazer com que as demandas sejam concretizadas", menciona o presidente do conselho.

"Nós indicamos associações oriundas de cada conselheiro. Cada associação tem seu compromisso nas cidades. O meu, por exemplo, é na cidade de Osasco. [Tenho o compromisso de] acompanhar as pessoas e dar um suporte por 90 dias, com moradia e auxílio para conseguir um emprego. Nós estamos sempre por perto, caso haja a necessidade de ajudar com saúde ou escola, por exemplo", relata Benedito sobre o auxílio prestado aos imigrantes.

Expansão

Segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania, o órgão reunia representantes de nove estados do Nordeste, mas, com o avanço das atuações, percebeu-se a necessidade de incluir também os estados da Região Norte, que possuem forte ligação histórica, cultural e que enfrentam desafios semelhantes. Dessa forma, o conselho passou a abranger 14 estados brasileiros.

Em duas décadas de trajetória, o Copane criou conselhos municipais em cidades como Guarulhos, Guarujá, Osasco, Santos e Peruíbe e promoveu eventos culturais como a Parada Nordestina de Santos, que realizará sua primeira edição em outubro de 2025.

Outra conquista foi a aprovação da Lei 17.650/2023, que autoriza a implantação do Museu da Comunidade Nordestina, marco para a valorização cultural dessa população. O Projeto de Lei nº 533/2022 - que deu origem à norma -, é de autoria do deputado Gil Diniz (PL) e da ex-deputada Adriana Borgo.

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