Nestes próximos dias, vamos conhecer um pouco mais sobre as expectativas dos principais personagens do legislativo estadual paulista para os próximos quatro anos: os deputados.

Depois de quatro meses de mandato, o que será que eles esperam? Em quem eles se inspiram? Quais as prioridades de cada gabinete?

A entrevista desta edição é com o deputado Heni Ozi Cukier.

Os últimos quatro meses

Existe uma divisão e um distanciamento muito grande entre a Assembleia e a população e isso não é só um problema da Alesp, mas uma realidade da política brasileira. Essa realidade é em parte culpa dos políticos e em parte culpa da sociedade. Vejo que as pessoas não entendem o dia a dia do trabalho parlamentar e não têm conhecimento sobre o seu funcionamento, apesar de estarem mais engajadas. É um processo muito lento de conscientização, ensinamento, informação e eu estou trabalhando para contribuir com esta mudança mais do que necessária. Um dos projetos que eu tenho é o Política Fácil, uma escola de cidadania para as pessoas terem aulas sobre política.

Mais especificamente sobre a Alesp, vejo pontos muito positivos, principalmente a renovação que aconteceu com a eleição, isso é para mexer, chacoalhar e questionar como tudo funciona. Espero que essas transformações, lentas mas necessárias, ajudem o Brasil a ganhar mais maturidade política. Em todas as relações humanas nós negociamos, cedemos, não fazemos o que queremos no nosso relacionamento pessoal, no nosso trabalho, com os nossos amigos e familiares, não é diferente na política.

Projetos, legado e futuro

Nós do partido NOVO temos uma enorme preocupação com a defesa de um posicionamento moralizador dentro de uma política descompromissada com a realidade do que está acontecendo no Brasil. Quero trabalhar em três eixos diferentes, que é o Estado, a Ordem e a Cultura. O Estado brasileiro não entrega nada, não serve para nada, é quase que completamente ineficiente. Não entrega segurança decente, educação, saúde, não entrega saneamento básico para a metade da população. Ou seja, o Estado brasileiro não funciona, simples assim. Teremos que reformá-lo e modernizá-lo para que ele possa funcionar. Eu vou fazer tudo que eu puder para que isso aconteça. No eixo da Ordem, eu entendo que boa parte do Brasil tem uma questão cultural e não gosta muito de regras e de leis. Nesse ponto, eu estou trabalhando a questão de segurança, mas não só o uso do espaço público, mas a convivência e uma série de elementos que estão ligados para garantir este eixo de Ordem - hoje só tem a palavra na nossa bandeira e nada mais. O resto da nação é de desordem. Terceiro: Cultura. Quando falo em cultura não estou me referindo ao senso comum de arte. Cultura como um conjunto de hábitos, normas e maneiras de se comportar em uma sociedade inteira, privilegiando certos valores em detrimento de outros. Isso engloba educação, mas não se restringe somente a ela, mas a uma ideia de mudar mentalidades, hábitos, visões e trazer conhecimento, ensinamento, consciência. Vai além da educação formal, da sala de aula. Envolve a discussão sobre política, a consciência política e a maturidade política. Precisamos trabalhar para mudar a cultura do brasileiro e dentro desses eixos vou me empenhar para melhorar a vida das pessoas.

Inspiração e referências

Eu tenho muitos admiradores intelectuais ou pessoas que eu, como professor, estudo e gosto de ler, mas uma pessoa que me marcou foi um brasileiro - talvez o único ídolo que tive: Ayrton Senna. Foi um homem com obsessão pela excelência, queria desempenhar com perfeição e ganhar todas aquelas competições e não media esforços para tanto. Foi determinado e incansável e eu acho maravilhosa essa busca pela excelência, de você chegar mais perto que puder do seu melhor. Acho que ele representava isso muito bem. E para mim foi um ícone, alguém que eu tive muita admiração.