Deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a disseminação de notícias falsas durante as eleições de 2018 receberam, na manhã desta sexta-feira (24/7), especialistas da área da comunicação. Durante o encontro, que foi presidido pelo deputado Caio França (PSB), também foram aprovados novos pedidos de oitivas.

Em ambiente virtual, os participantes da reunião discutiram as formas de consumo de notícias, como nas redes sociais, além da relação entre polarização política e a circulação de fake news, principalmente de 2016 até hoje. Também foi debatida a diferença entre opinião, notícias falsas e boatos.

Pablo Ortellado, professor de Gestão de Políticas Públicas na Universidade de São Paulo, explicou os mecanismos usados por blogs para disseminar notícias falsas. "Esse fenômeno tem algumas características que não são novas, mas possui inovações, como a migração de sites de opiniões para páginas com formatos noticiosos", afirmou, ao dizer que essas páginas se valem da estrutura do texto jornalístico para transmitir confiança aos leitores.

Para a deputada Monica da Bancada Ativista (PSOL), autora do pedido para que Pablo participasse da reunião, "a maior parte das notícias falsas tem como objetivo construir ou destruir reputações. Isso acontece com mais frequência em parte privada das mídias sociais, e não em ambiente aberto".

Fake News /opiniões

Wilson Gomes, professor de comunicação na Universidade Federal da Bahia, argumentou que é preciso distinguir noticias falsas de opiniões. "Opinião não é fake news. Condenar notícias falsas não significa prejudicar a liberdade de expressão, mas sim punir determinado tipo de informação", afirmou, ao explicar que as notícias falsas ganharam alcance e propagação nunca vistos antes.

Para o deputado Sargento Neri (Avante), relator da CPI, é preciso desenvolver um trabalho imparcial porque "as fake news foram exploradas por todos, tanto que precisamos punir o crime, e não a ideologia ou o partido".

Na ocasião, os deputados aprovaram ainda pedidos para que outras pessoas compareçam à comissão. Na próxima segunda-feira (27/7), a partir das 10h30, os parlamentares deverão ouvir representantes de veículos de imprensa, como dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo e do portal G1, para falar sobre a checagem de boatos e notícias falsas. Essas oitivas fazem parte da fase conceitual que está sendo feita pelo colegiado.

Além dos já citados, também participaram da reunião a deputada e os deputados Arthur do Val, Edmir Chedid, Janaina Paschoal, Paulo Fiorilo, e Thiago Auricchio.