O ato solene promovido pela deputada Professora Bebel (PT) nesta quinta-feira (2/9) abordou os desafios enfrentados por pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na sociedade. Entre os presentes, estavam palestrantes, pedagogas, psicólogas e pessoas com TEA ou com filhos autistas.

De acordo com a deputada Professora Bebel, o ato foi motivado por um caso relatado a ela. "Quando o filho do nosso companheiro Pedro Tote foi detectado com esse transtorno, a escola praticamente o excluiu, quando, pelo contrário, tinha que incluir e criar as condições para isso", disse.

Pela lei, o filho de Tote tem direito a um auxiliar terapêutico, mas a coordenadora da escola não concordou com isso, apesar da avaliação médica.

"A coordenadora da escola fez uma insinuação de que a gente já sabia da situação do meu filho antes de colocá-lo na escola, insinuando que a gente tinha ludibriado ela. Ela disse que não tinham como arcar com um auxiliar, que as professoras tinham condições de ajudar e que não havia necessidade [da contratação]".

O ato solene também destacou a importância da regulamentação da Lei Estadual 17.158/2019, que criou a Política Estadual de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. A proposta é de autoria do deputado Enio Tatto (PT).

A especialista e pedagoga, Adriana Guimarães, que tem um filho com autismo, comentou que o caso é mais recorrente do que as pessoas imaginam.

"Já é uma questão de políticas públicas, de saúde pública, não dá mais para achar que é possível resolver de qualquer jeito, porque cada dia mais e mais famílias sofrem discriminação pelas mesmas coisas. As histórias se repetem em todas as cidades do país, umas em maior, outras em menor quantidade, mas em todas do país", disse.

Bebel fez uma apresentação sobre a pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), lançada na terça-feira (31/8). O Atlas da Violência mostrou que a cada hora uma pessoa com deficiência é vítima de violência no Brasil.

O deputado Douglas Garcia (PTB) também participou do evento e demonstrou preocupação com o ocorrido. "Além de uma questão educacional também é de direitos humanos e, como membro titular da Comissão de Direitos Humanos, também me preocupo bastante com isso", afirmou.

Durante o ato, a palestrante Amanda Bueno, psicóloga e mestre em ABA (Análise do Comportamento Aplicada, em português), falou sobre as mudanças voltadas às crianças autistas ocorridas no SUS (Sistema Único de Saúde).

Segundo ela, as mudanças foram benéficas. "No estado Paraná temos uma lei de autismo que fala sobre terapia, tratamento e educação com base científica. Hoje, no âmbito do estado do Paraná, todas as pessoas que trabalham com indivíduos com espectro do autismo têm acesso ao treinamento em ABA", disse.