Solenidade organizada pelo deputado Maurici (PT), nesta segunda-feira (18/10), propôs um debate sobre a reforma do ensino médio, que flexibiliza o currículo contemplando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a oferta de itinerários formativos, que podem ser aprofundados nos conhecimentos de uma área do conhecimento ou de formação técnica profissionalizante. O encontro contou com a participação de professores, sindicalistas, estudantes de ensino médio e cidadãos.

O deputado Maurici destaca que o novo modelo de ensino médio pode acarretar desigualdades no país e que a proposta não resolve os problemas já existentes na rede de ensino.

"Temo que o novo ensino médio não resolva os nossos problemas, como a evasão dos jovens, o problema na preparação para a cidadania efetiva entre muitos outros. Receio de um lado que as horas que sejam destinadas ao ensino profissionalizante possam ser insuficientes para ter um bom posicionamento no mercado de trabalho, e de outro lado, na medida que diminui a formação generalista proporcionada aos alunos pode significar uma dificuldade ainda maior de acesso à universidade pública", disse.

Durante o evento, Ana Paula de Oliveira, doutora em educação pela Universidade de São Paulo falou sobre o ensino médio paulista durante a década de 1990, e enfatizou seu papel na democratização do ensino.

"O ensino médio foi um grande improviso, inclusive no Estado de São Paulo, e os problemas que temos hoje nós estamos colhemos justamente de um processo de expansão desordenada", disse.

Ana Paula comentou ainda sobre a proposta do novo ensino médio, e destacou os passos para a criação da reforma.

"Essa lei propõe uma divisão do ensino médio em duas partes. Antes era um ensino de formação geral básica para todos e agora não é mais isso. Uma das partes é a Base Nacional Comum Curricular que é nacional, e a outra parte é constituída pelos itinerários formativos, eles coincidem com a BNCC e os estudantes a partir dos itinerários vão ter uma formação diferente, enquanto uns farão o itinerário profissionalizante outros farão o itinerário formativo de ciências humanas sociais aplicadas, sendo assim, a primeira crítica que se faz a atual reforma é que ela fará uma ruptura com o conceito do ensino médio como parte da educação básica, a ideia do conceito teve a ver com a criação de uma ideia que fosse com equidade para todos, a mesma formação geral", declarou

Representando o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), professor Palma destacou a relevância da discussão e enfatizou para a necessidade de ampliação do debate. "Essa discussão já deveria estar sendo feita de forma mais ampla pelos governantes, que pouco discutiram essa complexa reforma que está sendo implementada no Estado de São Paulo", disse.

O professor complementou ainda indagando sobre a duração dessa proposta. "Essa reforma já começa errada, é uma reforma que durará no máximo 3 ou 4 anos e logo será revista, pois não vai funcionar".

Julia Fernandes dos Santos, recém formada no ensino médio pela rede pública, destacou suas vivências no ambiente escolar e fez questionamentos quanto ao novo modelo educacional. "A nossa escola não estava preparada, e muitas escolas não estão prontas para um novo modelo educacional. Gostaria de ressaltar ainda para a questão de infraestrutura escolar e a preparação do corpo docente, os professores estão preparados para essa nova mentalidade do ensino médio? Eles estão qualificados para isso?", disse.

Segundo a assessoria do deputado, mais solenidades serão organizadas ao longo deste mês e do próximo para aprofundar o debate sobre o assunto.