Terceira sede da Assembleia Legislativa de São Paulo, Palácio das Indústrias é um marco arquitetônico paulista
18/01/2022 18:46 | História | Maurícia Figueira




Entre os anos de 1937 e 1947, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo ficou fechada em virtude do surgimento do Estado Novo. O prédio em que funcionou até 1937, na praça João Mendes, havia sido demolido para a construção do viaduto Dona Paulina. A escolha da nova sede recaiu no Palácio das Indústrias, onde hoje está localizado o parque Dom Pedro 2º, no centro da cidade de São Paulo.
Na terceira reportagem especial da série que comemora os 54 anos da atual sede do Legislativo paulista, o Palácio 9 de Julho, no Ibirapuera, vamos abordar a mudança da instituição da praça João Mendes para onde hoje está funciona o Museu Catavento, no parque Dom Pedro 2º. A inauguração do atual palácio foi em 25 de janeiro, mesmo dia do aniversário da capital.
A volta ao regime democrático inspirou os parlamentares da época a denominarem a nova sede da Alesp como Palácio 9 de Julho. Assim, menos de um mês após começarem os trabalhos legislativos, o Plenário aprovou a nova denominação, que se mantém até hoje, no prédio atual.
Os ideais da Revolução de 1932 foram expressos na Indicação 10/1947, que pedia a mudança do nome. O documento dizia que: "Considerando que a 9 de julho de 1932 São Paulo se ergueu em armas para exigir a Constituição para o Brasil; considerando que estamos reunidos em Assembleia para restabelecer o regime constitucional interrompido pelo golpe de 10 de novembro de 1937, e considerando que o edifício da Assembleia não tem uma denominação adequada, indicamos à Mesa, ad referendum da Assembleia, que seja dado à nossa sede o título de Palácio 9 de Julho."
Primeira sessão na nova sede
Logo depois que se mudou para a nova sede, foi instalada a Assembleia Constituinte para elaborar a Constituição estadual que substituiria a de 1935, da época do Estado Novo. A primeira sessão realizada no Palácio das Indústrias foi em 14 de março de 1947. Os deputados escolheram, novamente, homenagear a Revolução de 32 e, depois de quase quatro meses de trabalho, a Constituição estadual foi promulgada no dia 9 de julho.
Diferentemente dos dias de hoje, quando temos 94 deputados estaduais paulistas, na época havia 75 deputados. Quando a Assembleia deixou o Palácio das Indústrias, em 1968, o número de deputados era, oficialmente, 115, mas alguns tinham sido cassados, sem direito a substituição pelos suplentes.
O número de partidos políticos representados na Casa também mudou bastante. No período anterior (1935 a 1937), havia apenas quatro partidos políticos com assento na Assembleia Legislativa. Em 1947, pela primeira vez, a Assembleia viu quase uma dezena de partidos políticos representados em suas cadeiras. Entre eles, estava o Partido Comunista do Brasil, cujos 11 deputados tiveram seus mandatos cassados em 1948.
Discursos
Construído às margens do rio Tamanduateí, um dos problemas da terceira sede da Assembleia Legislativa era o escoamento de água, como registrou a deputada Conceição da Costa Neves, na sessão de 8 de julho de 1957. A deputada usou a tribuna para comentar sobre a "estagnação de águas das chuvas, com perigo para a saúde dos moradores do bairro".
Segundo a parlamentar, a Secretaria de Obras Públicas estava fazendo obras para minimizar o problema. Neves agradeceu pelos "bons serviços" aos "deputados, aos visitantes do Palácio 9 de Julho, aos pobres choferes dos caminhões, que ficam estacionados à margem do Tamanduateí, pois quase não era uma estrada, mas um rio, tal a quantidade de água empoçada em época de chuva".
Outra questão enfrentada pelos deputados durante os tempos em que a Assembleia esteve no Palácio das Indústrias era o trânsito. Em 1964, houve a tentativa de mudanças nas mãos de trânsito na região. A iniciativa levou a grandes congestionamentos, como comentou o deputado Murillo de Sousa Reis na sessão do dia 21 de dezembro de 1964.
No discurso, ele disse: "Não podemos adentrar o pátio da Assembleia nem sair de automóvel do Palácio 9 de Julho, porque há ônibus e automóveis em volta do Poder Legislativo congestionando-o de tal forma que é impraticável a entrada ou saída de veículos. Outra coisa: veiculou-se a notícia de que o Sr. Governador do Estado teria aventado a possibilidade de chamar um helicóptero para retirá-lo deste recinto, hoje, depois que a Assembleia homenageou o arcebispo de São Paulo. Veja V. Exa, Sr. Presidente, em que situação se encontra o trânsito nesta capital, especialmente, neste momento, ao redor do Mercado Municipal e da Assembleia Legislativa de São Paulo."
Palácio das Indústrias
Construído para sediar exposições da indústria e agropecuária, o Palácio das Indústrias tem arquitetura em estilo eclético, mesclando diversas tendências arquitetônicas. Em 1982, o Palácio foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo).
Em 1960, o deputado Abreu Sodré, então presidente da Assembleia, propôs a construção de novo edifício para abrigar o legislativo estadual. No dia 25 de janeiro de 1968 a Assembleia Legislativa se mudou para o atual Palácio 9 de Julho, nas proximidades do Parque do Ibirapuera, onde funciona até hoje.
Depois que a Assembleia deixou o centro, o Palácio abrigou órgãos do governo do Estado. Posteriormente, chegou a ser a sede da prefeitura de São Paulo. Atualmente, funciona o Museu Catavento, museu interativo voltado às ciências.
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