CPI das Cavas Subaquáticas ouve representantes de movimentos contra obra no porto de Santos
23/02/2022 13:55 | CPI - Cavas Subaquáticas | Daniele Oliveira - Foto: Reprodução Rede Alesp












A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Cavas Subaquáticas da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo ouviu, nesta quarta-feira (23/2), dois representantes de movimentos contrários à obra localizada no canal de Piaçaguera, no fundo do porto de Santos. Ambos condenaram a cava e afirmaram que a medida gerou danos ambientais e sociais.
Leandro Silva de Araújo, o primeiro a falar, é economista e especialista em Gestão Pública, e integrante do Movimento Contra a Cava Subaquática (Cava é Cova). A engenheira agrônoma e coordenadora da Frente Ambientalista da Baixada Santista (FABS), Maridel Vicene Polachini Lopes, foi a segunda a se apresentar aos parlamentares da Alesp.
Araújo contou que é morador da Vila dos Pescadores, em Cubatão, no litoral paulista, local que fica a 2,5 km da cava. Ele disse que viu o sustento do pai, que é pescador, ser inviabilizado devido a instalação da obra no estuário, no canal de Piaçaguera. "Integrar o movimento contra a cava é uma questão ambiental e também pessoal, porque não posso prescindir que porque eu fui sustentado pela pesca artesanal, que grandes empresas façam seus empreendimentos sem considerar o contexto local", afirmou.
Para o economista, a construção da obra afeta de maneira negativa tanto a população quanto o ecossistema. "A cava representa tudo o que é de equivocado ao que se refere à sustentabilidade. Ela representa o soterramento da política de desenvolvimento sustentável e por isso que nós como movimento socioambiental lutamos contra", disse.
De acordo com ele, os principais problemas derivados da cava seriam a contaminação dos rios, mangues e pescado; a dispersão dos poluentes até as praias pelo movimento das marés, além da recontaminação do estuário pelo processo de dragagem e de disposição dos poluentes no buraco.
Araújo contou ainda que a Cetesb (Companhia de Tecnologia Ambiental de São Paulo) e a mineradora Vale afirmaram que a dragagem do canal de Piaçaguera, que é poluído, seria algo benéfico para a sociedade e melhoraria a qualidade ambiental. No entanto, segundo ele, apenas o local que os navios passam recebeu a dragagem. "Se existisse alguma responsabilidade socioambiental, eles teriam dragado toda a região para despoluir o canal de Piaçaguera, que é bem conhecido pela Cetesb como a região mais poluída da Baixada Santista", disse.
O morador afirmou que a empresa responsável pelo empreendimento tem históricos negativos. "A VLI é a Vale Logística Intermodal, do grupo Vale, a mesma que destruiu as cidades de Brumadinho e Mariana, a mesma em que os lucros são privados e os prejuízos são socializados", disse.
Por fim, Leandro Silva de Araújo apresentou um relatório da Cetesb de 2018 referente ao ano anterior que afirmava que a companhia observou alterações importantes na qualidade dos sedimentos em relação a metais, confirmando a possível contaminação. "Embora a gente considere a Cetesb um órgão de excelência, esse processo autorizado por ela causou sérios impactos e danos ao meio ambiente e à saúde da população da Baixada Santista", disse.
Maridel Polachini defendeu que a cava pode gerar danos irreversíveis futuramente para a população e o meio ambiente, assim como ocorreu com as cidades de Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais. "Foram problemas e falhas técnicas apresentadas pelo Ministério Público, pelos técnicos envolvidos, pelos movimentos ambientais, que não estão sendo levados em conta", afirmou.
A especialista argumentou que o cenário pode se repetir se atitudes não forem tomadas. "O extravasamento do resíduo tóxico da cava se dá de uma forma totalmente silenciosa, gradativa e invisível. Não é algo como o rompimento das barragens de Brumadinho e Mariana que causaram uma comoção geral. Também foram licenciamentos que tiveram milhões de laudos atestando sua segurança e na realidade, não eram seguros e se tornaram crimes ambientais". "No caso da cava, nós temos a oportunidade de apontar esses erros e solicitar uma reparação, antes que se torne mais um crime ambiental sem solução", disse.
O que é uma cava subaquática?
Cava subaquática é uma cratera aberta debaixo da água para despejo de sedimentos, lixo e materiais contaminados. A cava feita no estuário entre Santos e Cubatão é maior que o estádio do Maracanã, com dimensões de 400 metros de diâmetro por 25 metros de profundidade, e está preenchida por cerca de 2,4 bilhões de litros de sedimentos.
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