A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) sediou, na tarde desta sexta-feira, 26, uma audiência pública para debater a implantação de um Instituto Federal (IF) na região do ABC. Convocado pelo deputado Luiz Claudio Marcolino (PT), o evento foi coordenado pelo Movimento Pró-criação do Instituto Federal do Grande ABC, entidade da sociedade civil que milita em favor da implantação da unidade de ensino pública na região.

Luiz Claudio Marcolino saudou o movimento e inseriu a luta pela criação do IF em um contexto maior, destacando a defesa de implantar aparelhos públicos e gerar impacto social. "A finalidade dessa audiência", afirmou o parlamentar, "é abrigar a luta da população e da comunidade acadêmica pelo acesso à educação gratuita e de qualidade".

Simão Pedro e Rômulo Fernandes, parlamentares do PT, e Ediane Maria e Carlos Giannazi, do PSOL, também compuseram a Mesa. Natália Compoy, representando a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o movimento Enfrente, marcou presença na reunião.

José Amilton de Souza, Marineide Gomes e Mirna Busse, líderes do movimento, estiveram presentes na audiência para expor os estudos de demanda e potencial econômico da implantação do IFABC. Secretários municipais de Educação da região, como José Luiz Casemiro, de Mauá, e Ana Sanches, de Diadema, também acompanharam o evento.

"Não queremos apenas a implantação do IF-ABC, mas, sim, um instituto federal autônomo que possa atender a todas as necessidades da região do ABC", destacou Marcolino. O professor universitário José Amilton, em seguida, reiterou que as articulações do Movimento Pró-criação do IF remontam a uma década atrás. "Nosso projeto ressuscita uma reinvindicação de 2013. É uma demanda, portanto, de longa data", disse Amilton.

Demanda local de longa data

As consultas realizadas pelo Movimento, segundo José, contaram com participação ativa de movimentos sociais e entidades civis. "As reinvindicações passaram pelos sindicatos da região, que pediram por ensino técnico e integral nas unidades. Há um arsenal de discussões nas setes cidades em que o Movimento está constituído", declarou o docente.

Mirna Busse, que também leciona no ensino superior, reiterou a atuação do Movimento em diversas rodas de conversas ao longo dos últimos anos. O evento desta sexta na Alesp é a segunda audiência pública realizada pelo grupo.

Trâmite federal

Busse ressalta que, apesar dos diálogos e propostas constituídas, "as tramitações para a implementação do IF vão se dar no âmbito federal. Mas compreendemos também a importância da articulação com os atores locais".

Luciene Cavalcante, deputada federal pelo PSol, fez uma intervenção na audiência por videochamada. Em sua fala, ressaltou o impacto social dos institutos federais e se dispôs a articular a implantação do IF-ABC na Câmara dos Deputados. "É muito importante levar um IF para a região do ABC. Como membra titular da Comissão de Educação, quero colocar o nosso mandato à disposição", afirmou Luciene.

Os Institutos Federais e o ABC

Institutos federais são entidades de ensino associadas ao governo federal. Os IFs são voltados para a educação profissional, científica e tecnológica e contam com mais de 38 unidades pelo Brasil.

Cada uma dessas unidades, por sua vez, é constituída por uma rede de campus - ou seja: um único instituto federal é responsável pela administração de diversas unidades de ensino. O Instituto Federal de São Paulo (IFSP), por exemplo, possui 37 campi espalhados pelo estado.

A existência de um IF em São Paulo, diga-se, não exclui a possibilidade de fundar um novo instituto no estado. Também vale a menção de que, a despeito do acrônimo de três letras, a região do Grande ABC é composta por sete munícipios: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Somadas, as cidades contam com mais de 3 milhões de habitantes, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).