"Sou bombeiro pelo resto da vida. É um sacerdócio mesmo; algo que está dentro de mim, no meu sangue". Com três décadas de serviços prestados como salva-vidas e integrante do Corpo de Bombeiros, José Perigrino, de 84 anos, foi homenageado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, nesta terça-feira (21). Um ato solene concedeu a ele o Colar de Honra ao Mérito Legislativo. A homenagem foi proposta pelo deputado Caio França (PSB).

"Importante homenagear em vida pessoas que fizeram tanto pela população. Pelo fato dele ter atuado no Litoral, temos muitas coisas em comum. Então, é a maneira que temos de retribuir tudo o que ele fez", afirmou o deputado. "O Corpo de Bombeiros é uma das instituições mais respeitadas do País, que tem mais apreço da população, sinônimo de respeito. Ficamos felizes nesse momento porque, de alguma forma, podemos valorizar também o serviço público bem prestado", acrescentou França.

Origens

Natural de Caicó (RN), Perigrino chegou à Capital paulista em 1962. Casado há 59 anos com Maria Aparecida, foram viver no bairro de São Miguel Paulista, na Zona Leste da Capital, onde permanecem até hoje. Como salva-vidas, ele atuou em praticamente todos os municípios da Baixada Santista e Litoral Sul. No final da década de 1960, então como cabo, foi transferido para Santo André e, posteriormente, para São Bernardo do Campo.

Em 1967, foi escolhido como "Bombeiro do Ano". A honraria foi concedida após Perigrino ter recuperado uma vítima de afogamento que já havia sido dada como morta no Parque Estoril, no ABC Paulista. "Quando cheguei lá, já tinha até jornal em cima da vítima. Mesmo assim, comecei a aplicar a respiração artificial e, insistindo durante um bom tempo, passei a ver algumas manifestações em seu corpo. Isso me animou demais, estabilizamos a situação e a pessoa foi salva", contou, orgulhoso. "Para o bombeiro dedicado à profissão, a perda de uma vida é sempre algo muito doloroso. Nosso tratamento é igual para todos, independentemente de classe social", disse o homenageado da noite.

Resiliência

Já experiente e responsável pelo treinamento de muitos dos novatos da corporação, Perigrino fez parte do 3º Grupamento de Bombeiros da Mooca e do 2º Grupamento de Itaquera. Em 1992, tornou-se 1º tenente e, ao completar 30 anos de serviços prestados para a população paulista, foi para reserva.

"Fico feliz com a homenagem. É o reconhecimento de uma vida com muito amor à profissão. Estou aqui, vivo, grato a Deus, a toda a minha família e aos meus companheiros que trabalharam comigo, sempre dando o máximo para o engrandecimento do Corpo de Bombeiros e de São Paulo", agradeceu o veterano, deixando um recado para seus colegas do futuro: "Para os jovens bombeiros que estão chegando agora na corporação, eu peço para serem resilientes. As dificuldades existem e você tem de superá-las. Deus nos deu a coisa mais importante, que é a inteligência. Não espere sentado, exercite as suas capacidades", ensinou.

Herói

E se engana quem pensa que, aposentado, Perigrino estaria entregue a uma rotina maçante e sem perspectivas. Bombeiro de verdade é bombeiro para sempre. "Até hoje, quando vou para praia, eu ainda fico cuidando as pessoas no mar, as crianças, enfim. Serei assim até o fim. Temos que continuar. Faço 6 quilômetros de caminhada e 500 metros de natação todas as manhãs. Repito as mesmas coisas à tarde. Isso me dá essa energia para eu estar aqui conversando com você e, mais ou menos, lúcido. Estou 24 horas pronto para ajudar", brincou o herói que teve sua bela história reconhecida pelo Parlamento Paulista.