Voto feminino: uma conquista que ainda exige avanços da sociedade
26/02/2025 18:36 | Representatividade | Fábio Gallacci - Fotos: Divisão de Biblioteca e Acervo Histórico da Alesp






Uma luta iniciada pelas mulheres ainda no século passado, mas que não chegou ao seu fim, tem na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo uma aliada de longa data. A Lei 13.454/2009 - que acabou incluída na Consolidação da Legislação Paulista Relativa à Proteção e Defesa da Mulher (Lei 17.431/2021) - estabelece o 24 de fevereiro como o "Dia Estadual da Conquista do Voto Feminino no Brasil". Mais do que uma data no Calendário Oficial, o momento é de reflexão sobre os passos que precisam ser dados para uma real igualdade e representatividade dessa parcela da sociedade na vida política paulista e brasileira.
Na atual legislatura, a Alesp conta com 24 deputadas, o maior número de sua história. Contudo, ações que buscam uma maior representatividade vêm sendo adotadas há décadas e se ampliam a cada ano que passa.
A conquista do direito ao voto pelas mulheres tem seu marco nacional no dia 24 de fevereiro de 1932, por um decreto do então presidente da República Getúlio Vargas, que instituiu o Código Eleitoral. Em São Paulo, após a Revolução Constitucionalista, também em 1932, foi promulgada uma nova Constituição Estadual, em 1935. O documento foi construído pelas primeiras mulheres eleitas como deputadas estaduais por São Paulo. Eram elas Maria Thereza Nogueira de Azevedo e Maria Thereza Silveira de Barros Camargo, que foi a primeira mulher a assumir uma prefeitura no estado, no município de Limeira.
Outro exemplo marcante foi o da advogada, professora e diretora de escola Teodosina Rosário Ribeiro, a primeira mulher negra a ser eleita deputada estadual em São Paulo, permanecendo no Parlamento de 1971 a 1983.
Maioria no eleitorado
Atualmente, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o eleitorado feminino representa 52% do total brasileiro, alcançando o número de 81.806.914 aptas a votar.
"O voto feminino representa um movimento histórico, uma luta com conquistas e também retrocessos. É importante que sempre se discuta isso publicamente, para que as mulheres votem com consciência de que esse ato tem poder de mudança. É isso que vai garantir que as pessoas eleitas consigam trabalhar em políticas públicas que vão, de fato, gerar transformações para as mulheres e a sociedade em geral", aponta Camila Welikson, jornalista e historiadora, em entrevista à Rede Alesp.
Igualdade
A advogada Maíra Recchia, presidente do Observatório Eleitoral da OAB-SP, ressalta os diversos pontos que ainda precisam ser alcançados para um quadro de igualdade efetiva na política brasileira. "Mesmo com a maior parte da população brasileira e do eleitorado sendo compostos por mulheres, ainda estamos pouco representadas nos espaços. Ainda há muito o que avançar quando a gente fala da efetiva participação feminina na política", confirma a advogada.
"Quando a gente fala da efetiva participação de mulheres, da ocupação desses espaços independentemente de quem esteja no governo, é porque isso é fundamental para o avanço civilizatório da sociedade como um todo. Não dá para falar que vivemos em uma democracia real e robusta se não tivermos igualdade de gêneros", acrescenta Maíra, também em entrevista à Rede Alesp.
A Emenda Constitucional 97/2017 determinou que, a partir de 2020, cada partido deveria, individualmente, indicar o mínimo de 30% de mulheres filiadas para concorrer nas eleições. Contudo, essa regra ainda apresenta resistência em um mundo dominado por homens.
O historiador Carlos Dias concorda que o caminho para uma representatividade feminina mais igualitária no Brasil ainda requer mobilização. "De fato, as mulheres alcançam em 1932 o sufrágio, ou seja, o direito de votar e de serem votadas, de serem eleitas, mas embora exerçam o direito ao voto, o número de mulheres eleitas foi muito pequeno ao longo de todo o século 20, e mesmo no começo deste século 21", comenta.
De acordo com Dias, existem vários fatores para explicar o fato de as mulheres, embora tendo conquistado o direito ao voto, ainda não terem sido eleitas numa proporção ao número de eleitoras existentes. "É lógico que, ao longo do tempo, prevalece o pensamento machista, autoritário. Por milênios prevaleceu o patriarcalismo e os preconceitos que definiam a função da mulher como muito limitada, sobretudo, voltada à família", diz ele.
"Entre as dificuldades que as mulheres enfrentam na sua luta, eu destacaria antes de mais nada a questão da violência, que é muito grande. E a gente vê que ela não diminui significativamente. Ao contrário, tem alguns tipos de violência que crescem constantemente e isso, lógico, é uma intimidação significativa", reforça o historiador.
Emancipação
Dias aponta ainda o fato de a mulher viver a dupla jornada de trabalho, sem muitas vezes existir uma divisão efetiva de tarefas caseiras na família. "É preciso reforçar que, se o feminismo é caracterizado pela luta por igualdade de direitos entre os gêneros e a emancipação das mulheres, ele está muito longe de completar os seus objetivos. É necessário, sobretudo, combater a violência de gênero e assegurar que a mulher tenha a mesma autonomia e liberdade. Só uma sociedade igualitária pode gerar a ampla democracia", completa o historiador.
Notícias relacionadas
- Dia da Policial Militar Feminina exalta conquistas e promove reflexão sobre igualdade na corporação
- Sessão Solene na Alesp celebra 10 anos do Templo de Salomão, complexo religioso e turístico de SP
- 'Muitas em uma só': Alesp celebra memória de Thereza Santos
- Alesp sedia homenagem à Associação de Municípios de Pequeno Porte do Estado de SP
- Frente Parlamentar em Defesa da Cultura e Economia Criativa quer transformar vidas através da arte
- Na Alesp, Frente Parlamentar Assuntos Esportivos destaca necessidade de investimentos na área
- Voz ativa: Frente Parlamentar da Cultura Hip Hop é criada na Alesp
Notícias mais lidas
- Deputado participa de missão oficial a Taiwan e busca ampliar cooperação com potência asiática
- Aprovado na Alesp, novo valor do Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804, é sancionado
- Entra em vigor hoje o novo Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804
- Vitória dos pescadores: artigo que restringia acesso ao seguro-defeso é suprimido
- Alesp aprova projeto que garante piso salarial nacional a professores paulistas
- São Vicente: a importância histórica da primeira cidade do Brasil
- Na Alesp, familiares, amigos e colegas de profissão se despedem do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes
- Sindicatos da Polícia Civil cobram envio de projeto da nova Lei Orgânica à Alesp
- Demanda antiga, Lei aprovada na Alesp unificou categoria de policiais penais
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações