Bebês reborn e therians: quando a fantasia ultrapassa os limites da realidade

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20/05/2025 11:53 | Atividade Parlamentar | Da Assessoria do deputado Gilmaci Santos

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Deputado Gilmaci Santos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2025/fg345300.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Vou começar esse artigo com uma curiosidade, que eu também não conhecia, mas que me interessou quando esses casos todos envolvendo bebês reborn, as bonecas hiper-realistas que imitam recém-nascidos - e que podem custar até R$10 mil -, começaram a vir à tona: Como surgiram os bebês reborn?

Descobri que a história dessas bonecas remonta lá no final da Segunda Guerra Mundial, na década de 1940. Com a escassez pós-guerra, era necessário reinventar brinquedos para trazer esperança às crianças, e dar nova "vida" às bonecas antigas por meio de técnicas artesanais era uma das formas. Por isso o nome reborn, que significa renascido em português. Nos anos 1990, nos Estados Unidos, a técnica evoluiu, com artistas aprimorando o realismo dessas bonecas, que passaram a ser utilizadas como ferramentas terapêuticas para lidar com lutos, ansiedade e solidão. Porém, o que inicialmente era visto como inofensivo ou uma forma de lidar com traumas emocionais tem ultrapassado limites preocupantes.

Em Goiás, um casal em processo de separação entrou na Justiça disputando a guarda de uma bebê reborn adquirida durante o relacionamento. E mais, a boneca tem um perfil em uma rede social que gera renda por meio de publicidade, o que virou outro motivo de briga, já que o casal discute quem deve administrar o perfil.

Em Minas Gerais, uma mulher levou seu bebê reborn a um hospital público alegando que a "criança" estava com febre. O caso chamou atenção de alguns políticos, que têm apresentado projetos de lei, em diversos estados, para proibir atendimentos a essas bonecas em unidades de Saúde, proibir a expedição de documentos para elas em órgãos públicos, matrícula em creches ou escolas, entre outras coisas, com previsão de pagamento de multa para quem não cumprir o que for determinado.

Pessoas que se identificam como animais

Paralelamente aos inúmeros acontecimentos relacionados aos bebês reborn, um outro fenômeno tem chamado atenção: os therians. São indivíduos que se identificam parcial ou totalmente como animais, seja em um nível espiritual, psicológico ou neurobiológico. A palavra therian vem do grego, theríon, e significa animal selvagem. Os therians surgiram como um conceito, principalmente dentro de comunidades on-line, e são cada vez mais numerosos. Eles organizam encontros e convenções para compartilhar experiências e fortalecer laços. Esses eventos, muitas vezes realizados em ambientes naturais, permitem que os participantes expressem sua identidade animal de forma mais autêntica, digamos assim, inclusive usando vestimentas, maquiagem, fantasias e máscaras que remetam aos animais.

Um dos casos de therian que ficaram famosos foi o de um japonês identificado como Toco, que gastou o equivalente a R$75 mil para realizar o sonho de se tornar um cachorro. Ele comprou uma fantasia realista da raça Border Collie e imita os hábitos do animal.

Saúde mental e sociedade

A crescente popularidade dos bebês reborn e dos therians levanta questões profundas sobre os valores da nossa sociedade hoje em dia. É fundamental refletir sobre até que ponto a fantasia pode interferir na realidade e comprometer recursos públicos e normas sociais estabelecidas. A valorização da família, da responsabilidade individual e do respeito às instituições deve prevalecer sobre modismos que, embora pareçam inofensivos, têm o potencial de desvirtuar princípios fundamentais da convivência social. Precisamos pensar sobre isso!


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