Celebrado pela 1ª vez em SP, Dia do Cão Policial destaca papel dos animais nas forças de Segurança
15/06/2025 10:00 | Reconhecimento | Fernanda Franco - Fotos: Na legenda






Mesmo com toda a tecnologia utilizada pelas forças de segurança para o combate ao tráfico de drogas e a localização de pessoas, nenhuma é tão efetiva e autêntica quanto o faro dos cães. O trabalho desempenhado por esses animais é essencial para auxiliar a Polícia e o Corpo de Bombeiros em ocorrências e investigações.
Neste 15 de junho de 2025, o estado de São Paulo celebra pela primeira vez o Dia do Cão Policial, data institucionalizada pela Lei 18.017/2024, de autoria da deputada Letícia Aguiar (PL). Mais do que uma homenagem, a data marca o reconhecimento oficial desses animais que ajudam a salvar vidas e combater o crime.
"O nosso papel aqui é ser essa representatividade, dar essa voz, mostrar a importância que tem os cães policiais no trabalho com as polícias e guardas municipais e que a gente possa fomentar isso não apenas como uma homenagem, mas como uma ferramenta de proteção", pontua Letícia Aguiar.
A deputada lembra que o trabalho desses animais vai além do enfrentamento ao crime. "Eles também foram essenciais em tragédias como os deslizamentos no Rio Grande do Sul e o desastre de Brumadinho. Onde o ser humano não chega, o faro do cão chega, então a gente tem que utilizar isso a nosso favor", diz. Letícia também reforça que pretende levar canis para mais municípios do estado.
Rotina e treinamento
Para além da imagem do cão em ação, o que poucos sabem é que a vida desses agentes caninos é marcada por um rigoroso cuidado com a saúde, o bem-estar e o treinamento contínuo.
Na Polícia Científica de São Paulo, por exemplo, os dois cães atualmente em serviço, Mani e Savana, ambos vira-latas, têm uma rotina que mistura brincadeira e ciência. "Eles começaram a ser treinados com cerca de 50 dias de vida, um processo que respeita a fase crítica de socialização", conta o perito criminal e treinador, João Machado.
O projeto da Polícia Científica é pioneiro: foi a primeira unidade do país a utilizar cães para detecção de vestígios biológicos em perícias criminais. Mani, inclusive, é o primeiro cão policial do Brasil treinado especificamente para detecção de sangue.
Cães policiais Mani (à esquerda) e Savana (à direita) da Polícia Científica do estado de São Paulo [Imagens: João Machado/Acervo Pessoal]
"Para eles, tudo não passa de uma brincadeira. Toda vez que entram na viatura, já sabem que estão indo se divertir. Quem tem a noção de trabalho somos nós, humanos", diz o perito.
Além dos treinamentos de faro e condicionamento físico, os cães contam com passeios de descompressão, atividades lúdicas e um rígido acompanhamento veterinário, com exames diários para garantir que estão aptos a trabalhar. "A rotina dos cães aqui é trabalhar em dias intercalados. Obrigatoriamente eles descansam após um dia de trabalho", explica o perito.
Essa rotina de um dia de trabalho e outro de descanso, também é aplicada aos cães policiais da Polícia Militar.
Papel dos canis da PMESP
Na Polícia Militar, o trabalho com cães é ainda mais amplo. Segundo o capitão Herick Lemos, chefe da comunicação social do 5º Batalhão de Polícia de Choque - Canil Central -, atualmente o estado de São Paulo conta com 26 canis da PM, sendo um central em São Paulo (Zona Norte) e outros 25 distribuídos em diferentes regiões do estado.
São cerca de 270 cães policiais em atuação, treinados para missões como detecção de drogas, armas, munições, patrulhamento ostensivo, proteção policial, busca de pessoas desaparecidas e criminosos.
As principais raças utilizadas pela PM são Pastor Alemão, Pastor Belga Malinois e Pastor Holandês. O processo de seleção é rigoroso: apenas cerca de 30% dos filhotes criados ou recebidos por doação são aproveitados para o serviço. Os cães passam por uma série de testes de comportamento, coragem, olfato e resistência física.
"A rotina deles é intensa: seis horas de policiamento por dia, além de treinamentos constantes", afirma o capitão Lemos. Os cães também têm acompanhamento veterinário diário, realizado no hospital próprio da corporação.
Vínculo cão e condutor
Mais do que companheiros de trabalho, os cães e seus condutores formam o que é chamado na linguagem policial de "binômio". A sincronia entre os dois é tão grande que os treinadores muitas vezes percebem alterações de comportamento que indicam, antes de qualquer exame, que o cão pode estar com algum problema de saúde. "A gente sabe quando o cão está bem ou quando tem algo errado só de olhar como ele se comporta no dia a dia", explica João Machado, da Polícia Científica.
O mesmo acontece de forma inversa, os cães também percebem alterações no comportamento do condutor. "Ao entrar em um local muito nervoso, muito tenso, o cão vai sentir isso. Então, a gente tem que controlar nossas emoções minimamente para não transparecer para o cão, acaba sendo um trabalho muito grande de autocontrole pessoal especialmente diante de situações de crimes violentos", conta o perito.
Essa conexão faz com que, na aposentadoria, os cães fiquem com os próprios condutores. "Eles já têm a aposentadoria garantida desde o início do projeto", reforça o especialista. Já para os cães da polícia militar, a aposentadoria é diferente, normalmente eles são adotados por outras pessoas ou até pelo próprio canil.
Trabalho feliz e que salva vidas
Tanto na Polícia Científica quanto na Polícia Militar e nos Bombeiros, o faro dos cães já foi decisivo em inúmeras operações. Eles encontram drogas, localizam corpos em áreas de difícil acesso e ajudam a esclarecer crimes.
Apesar da disciplina, do treinamento e do rigor científico, João Machado afirma que os cães policiais são, acima de tudo, animais felizes. "Eles têm bem-estar garantido porque o trabalho é uma forma de eles expressarem seus comportamentos naturais. Eles correm, caçam, farejam e se sentem realizados", diz o perito da Polícia Científica.
E se alguém ainda imagina que os cães policiais sofrem por trabalhar, o capitão Lemos faz questão de deixar claro: "Trabalhar com cães policiais é uma das experiências mais gratificantes que um policial pode ter. Eles são nossos parceiros e, com certeza, fazem a diferença todos os dias", pontua.
História por trás da lei
A iniciativa legislativa teve como inspiração a trajetória do cão Dick, um filhote de pastor alemão foi abandonado na porta do canil da Polícia Militar de São Paulo em 1953. O cachorro foi acolhido, treinado e tornou-se um dos cães mais destacados da corporação. O companheiro de Dick era o soldado José Muniz de Souza.
Em 1956, o canil enfrentou uma ameaça de extinção após um aviso direto do então governador Jânio Quadros, que, em meio a uma política de contenção de gastos, quis fechar o canil.
No entanto, nesse mesmo período, o desaparecimento do menino Eduardo Benevides, de três anos, mobilizou o estado, e Quadros determinou a criação de uma força-tarefa para as buscas, exigindo empenho total na localização da criança. No terceiro dia de buscas, o cão Dick foi o responsável por encontrar a criança dentro de um poço em uma área de mata, no bairro Água Funda. Após esse feito, ele foi promovido a cabo, junto com Muniz, sendo o primeiro cachorro a conquistar tal promoção.
"A primeira celebração oficial do Dia do Cão Policial é mais do que uma homenagem, é um passo importante para que a sociedade reconheça a efetividade desses animais no dia a dia da Segurança Pública", conclui a deputada.
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