Ato solene virtual realizado nesta terça-feira (20/7) pelo deputado Carlos Giannazi (PSOL) manifestou apoio aos professores da União das Instituições Educacionais de São Paulo (Uniesp), que têm sofrido com atrasos nos salários e descumprimento do pagamento de direitos trabalhistas.

A Uniesp é uma instituição que agrega faculdades e centros universitários com presença em mais de 100 cidades de nove Estados do país. Participaram do ato professores e representantes da categoria, além do vereador paulistano Celso Giannazi.

O deputado explicou a situação enfrentada pelos trabalhadores da Uniesp. "Não recebem os salários em dia, não pagamento do fundo de garantia, são várias as denúncias em relação a questões trabalhistas, além da agressão ao direito de greve, que é um direito constitucional, demissão em massa de funcionários e docentes", disse.

O deputado destacou o objetivo da reunião. "Essa audiência pública serve para denunciar o que está acontecendo e para tomar medidas para ajudar. Vamos acionar o Ministério da Educação, Ministério Público Estadual, Ministério Público do Trabalho, a nossa Comissão de Educação", falou.

O presidente da Federação dos Professores do Estado de São Paulo, Celso Napolitano, expôs a questão relacionada aos alunos. "Os estudantes foram enganados pela Uniesp e explorados por Organizações Não Governamentais, as quais utilizaram trabalho voluntário com a perspectiva de que os financiamentos seriam pagos pela Uniesp. Hoje esses alunos estão sendo cobrados pela Caixa Econômica", disse.

Napolitano também comentou sobre os problemas enfrentados pelos professores. "Depois de muito tempo sendo explorados, contra falta de pagamentos e de cumprimento dos preceitos mais básicos de uma relação de trabalho, os professores e funcionários se colocaram em greve. O mantenedor das instituições, Fernando Pinto da Costa, demitiu todos os que estão se utilizando do direito constitucional de greve", falou.

A presidenta do Sindicato dos Professores de Campinas e Região (Sinpro), professora Conceição Fornasari, alertou sobre a gravidade da situação. "Dois graves descumprimentos legais: demitidos durante a greve e sem o pagamento dos haveres rescisórios. Demitem e não pagam. Exatamente no momento terrível que vivemos no Brasil, com a crise econômica, política e pandemia, as instituições de educação superior nunca lucraram tanto. Ao mesmo tempo, instituições completamente desrespeitosas junto aos trabalhadores, legislação, alunos e comunidade. É uma humilhação e desrespeito aos professores", disse.

A professora Patrícia, de Santa Bárbara d?Oeste, cidade pioneira nesse movimento de greve, manifestou sua insatisfação com os fatos ocorridos. "Mesmo com todas as dificuldades, os professores estiveram sempre muito comprometidos. Nós fomos retaliados, humilhados e desqualificados, por isso mantivemos a greve. Semana passada, recebemos a nossa demissão. Fico muito assustada em ver esse grupo permanecer no ensino superior, fazendo coisas absurdas, como receber rematrículas de cursos que foram fechados", falou.

O aluno Anderson, estudante do campus Guarulhos, externou a indignação dele e de seus colegas. "O que a mantenedora fez com os alunos foi como se às vésperas da final do campeonato no domingo, eles viessem e mandassem embora o treinador, a comissão técnica, e deixassem os jogadores a ver navios, sem saber para onde ir e o que fazer. Atrelado a toda essa confusão, eles vêm dizendo que estavam tentando fazer uma reestruturação, mas nós entendemos que não é possível fazer isso com o campeonato chegando ao fim. Eles optaram por tentar calar os trabalhadores com as demissões. Quanto a nós alunos, estamos fazendo provas unificadas, e vamos ver se realmente iremos receber nosso certificado, porque os profissionais demitidos sabiam de todas as nossas situações sobre horas complementares e estágios. Agora não sabemos o que irá acontecer e como proceder. Esperamos que haja uma posição das autoridades competentes para que nós tenhamos nosso certificado em mãos e que a gente consiga concluir nosso curso", disse.