Jesus dos Santos, da equipe da deputada Mônica da Mandata Ativista (PSOL), organizou um ato solene para debater a luta das mulheres pretas contra o racismo. Evento virtual realizado nesta quarta-feira (28/7) foi motivado pelo Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho, e teve a participação de mulheres de diversas áreas da sociedade, como ativistas, religiosas, designer de moda afro-brasileira, artistas, imigrantes, professoras, entre outras. "A reunião tem o objetivo de relembrar, refletir e fortalecer cada vez mais as lutas das mulheres pretas deste continente. Como diz uma frase muito importante: quando a mulher se movimenta, uma luta se ergue. Eu convido os homens para aprender e ouvir, para sermos libertos da colonização que nos oprime há tantos anos", disse Jesus. Luana Maria, também da equipe da Mandata Ativista, foi quem comandou o debate. "Hoje vamos ouvir e homenagear mulheres que se fazem presente na saúde, cultura, educação e moda. Elas são parte da questão preta, independentemente de gênero", afirmou. Para Rosa Maria de Anacleto, presidente estadual da Unegro (União de Negras e Negros pela Igualdade) e integrante da Marcha das Mulheres Negras de SP, é muito importante que mulheres negras ocupem locais de fala como esse da Alesp, pois o racismo estrutural sempre as colocou como a base da pirâmide social. "Acho muito importante conhecermos cada vez mais o porquê de estarmos aqui. O 25 de julho é muito importante para o orgulho das mulheres negras latino-americanas e caribenhas", disse. Em conformidade, Mãe Marisa de Oyá disse que o povo preto é muito atacado, pois as pessoas não entendem seu modo de pensar e classificam tudo o que é negro como errado. "Nós temos a nossa história e nosso modo de cultuar, mas fomos sequestrados e obrigados a exercer outra religião. Como uma Oyá, digo que procuramos o acolhimento do ser humano. Por isso, sempre convido as pessoas a conhecerem o Candomblé", afirmou. Trazendo o assunto para a moda afro-brasileira, Maria do Carmo Paulino acrescentou que a pele negra sempre esteve presente na moda, e citou a Revolta dos Alfaiates, também conhecida como Conjuração Baiana, como um ato de resistência da classe. A revolta pedia o rompimento com Portugal, a abolição da escravidão e atenção às camadas mais pobres. Caminhar juntas como uma unidade e prezar pelo respeito são o caminho para a luta dar certo, de acordo com Viviane Abrahão, produtora e cantora. "Precisamos de mais representatividade e destaque. Para isso, precisamos estar sempre juntas, como uma unidade", afirmou. O olhar do imigrante Benazira Djoco é modelo, atriz e jornalista, e veio ainda adolescente para o Brasil, saindo de Guiné-Bissau, na África. Benazira participou do debate e disse que sente na pele o que é ser uma imigrante, pois, entre outras coisas, consegue destacar a educação e a religião como assuntos pouco explorados. "Todos os livros didáticos falam sobre outros continentes, mas não há nada sobre a história da África. Então, eu penso: o que seria do brasil sem a população africana? Outra coisa importante é a religião. Sempre que eu falo que sou africana, pergunta-se sobre o Candomblé de maneira pejorativa. A apropriação cultural é gigante nessa questão, pois é falado sobre algo que não se tem conhecimento", disse.