Paralisação dos trabalhadores da CPTM, Metrô e Sabesp domina pauta da sessão desta quarta-feira, 4
04/10/2023 19:38 | Legislativo | Fábio Gallacci - Fotos: Rodrigo Romeo

















A paralisação conjunta dos trabalhadores da CPTM, Metrô e Sabesp, ocorrida na terça-feira (3) na cidade de São Paulo, e os seus reflexos para a população em geral foram o principal tema da sessão ordinária realizada nesta quarta-feira (4), no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Parlamentares da base do Governo e da oposição apresentaram seus posicionamentos críticos ou favoráveis aos argumentos que justificaram a mobilização que durou um dia.
Major Mecca (PL) subiu à tribuna para ressaltar que o propósito dos integrantes do Parlamento é construir uma frente ampla para o progresso e condenou os grevistas. "Quando, no Estado de São Paulo, tivemos um transporte público digno? Nunca! Agora, que o governador Tarcísio de Freitas apresenta um estudo para melhorar e trazer mais dignidade, aparece esse tipo de comportamento. Não é isso que o povo espera de seus políticos. A greve é uma ferramenta constitucional, no entanto, não pode servir de manipulação de partidos políticos", afirmou ele.
Professora Bebel (PT) rebateu e propôs uma reflexão. "Todo posicionamento é político. A população está contra a forma que os transportes públicos estão sendo operados. É preciso buscar uma política de mobilidade de mais qualidade. Terceirizar não é a solução", disse ela, acompanhada da colega de partido Thainara Faria: "Não menosprezem a capacidade dos trabalhadores e trabalhadoras de se mobilizarem".
Do Republicanos, o deputado Altair Moraes também protestou na tribuna. Segundo o parlamentar, os partidos de esquerda "deram um tiro no pé com a paralisação do Metrô, CPTM e Sabesp. Foi uma greve injusta e ilegal. Não houve consideração com o povo. [?] A realização de uma greve é legítima, mas nesse caso não foi".
O mesmo posicionamento teve o deputado Capitão Telhada (PP). "Greve ilegal, não autorizada pela Justiça. Deixou o cidadão de bem totalmente à margem de seu direito de ir e vir. Um ato totalmente político e contra o nosso governador. O tiro saiu pela culatra porque ficou claro para toda a população que o caminho é a privatização. As linhas que estavam funcionando eram as privatizadas. O cidadão está percebendo que o seu direito e acesso ao transporte está garantido quando ele está na mão da iniciativa privada", apontou o integrante da base governista na Alesp.
CPI
Em uma de suas participações no Plenário, Carlos Giannazi (Psol), em contraponto, ressaltou que a greve aconteceu para alertar a população, lembrando até mesmo de uma investigação em andamento no Legislativo que diz respeito à privatização do então serviço público de distribuição de energia elétrica no Estado. "Aqui em São Paulo, nós temos um exemplo muito pedagógico, que é a privatização da Eletropaulo. É tão grave a situação, que tem uma CPI aqui dentro da Assembleia, solicitada pela base do Governo, investigando a Enel, que é a empresa que tem o maior número de reclamações no Procon. Depois que houve a privatização, aumentou a tarifa, piorou o serviço e a população é mal atendida. É o que vai acontecer com a Sabesp", afirmou Giannazi.
O deputado do PT Enio Tatto reforçou que a paralisação foi realizada para marcar um posicionamento contrário dos trabalhadores às privatizações. "A da Sabesp não dá para aceitar de forma alguma. É um erro privatizar aquilo que é essencial. A da Eletropaulo, por exemplo, foi um erro. Há uma reclamação generalizada sobre os serviços prestados e as taxas cobradas. Não queremos isso para o transporte e a água. Vamos usar todos os meios legais para evitar isso. Quem mais vai perder é a população", argumentou ele.
Caos
Gilmaci Santos (Republicanos) tratou como um caos o que a população viveu na terça-feira. "Pessoas demorando até 5 horas para chegar ao trabalho. Essa greve só veio para causar prejuízo à população e às empresas. Totalmente política, desnecessária, absurda. O governador Tarcísio está cumprindo o plano de governo que ele estabeleceu, que foi vencedor [nas urnas]", apontou.
Também governista, Gil Diniz (PL) identificou a greve como política, partidária e eleitoreira. "Parar os trens e o metrô, contra uma determinação legal da Justiça, é prejudicar a população. Trabalhador penando para ir ao trabalho, escola ou hospital. Espero que esses que fizeram piquetes sejam punidos", disse, seguido pelo colega de partido Paulo Mansur: "Essa manifestação deveria ser feita aqui em frente da Assembleia. Nós é quem vamos votar a privatização. Muitos trabalhadores não queriam parar. [Os grevistas] desobedeceram uma decisão judicial, um desrespeito total à população", afirmou.
Histórico
O deputado Guilherme Cortez (Psol) considerou a greve como um "dia histórico" e colocou o governador Tarcísio de Freitas como o responsável pelos transtornos vividos pelos usuários do transporte público na Capital. "Os sindicatos fizeram uma proposta muito clara, que era a de liberar a catraca com passe livre. Foi o governador que recusou e entrou na Justiça para que isso não fosse sequer aventado. Uma empresa privada, se tiver que escolher entre a qualidade do serviço e a sua lucratividade, vai escolher a segunda opção. Isso é lógico", comentou ele.
A deputada Leci Brandão (PCdoB) utilizou seu tempo na tribuna para lembrar que São Paulo é o estado mais rico da Federação e que teria condições de oferecer serviços de mais qualidade sem a necessidade de repassá-los à iniciativa privada. "Somos solidários a todas as pessoas que tiveram dificuldades com o transporte, mas acreditem, com a privatização a vida ficará ainda mais difícil. O movimento foi sério e justo; de alerta. O Governo quer entregar São Paulo privatizando os principais serviços. Serão contas mais caras, serviços mais precários", disse.
Lucratividade
Logo em seguida, tratando sobre a Sabesp, o parlamentar Luiz Cláudio Marcolino (PT) apresentou números que apontam a lucratividade da empresa. Ele mostrou que, em 2022, a Sabesp teve um lucro de R$ 3,12 bilhões, lembrando que a metade da empresa já é de capital privado. "Não é porque você se elege governador que pode fazer o que quiser com o patrimônio público. A maioria da população é contrária à privatização. A mobilização não foi importante apenas para a Capital, mas para todo o estado. O governador Tarcísio não vai privatizar a Sabesp, a CPTM e o Metrô por capricho", apontou Marcolino. "Na campanha, Tarcísio disse que ia estudar a possibilidade de privatização da Sabesp. A questão é que o Governo já tem um pré-projeto e quer trazê-lo nos próximos dias aqui para a Casa", completou Paulo Fiorilo, também do PT.
Rodeios
Além da paralisação, outro assunto que gerou debate na Casa foi a realização de rodeios no Estado. Rafael Saraiva (União) lembrou que nesta quarta é celebrado o Dia Mundial dos Animais. "Por uma infelicidade, é celebrado também o Dia Nacional dos Rodeios. Eles são o empréstimo de uma cultura norte-americana e sinônimo de violência", disse, lembrando da discussão sobre maus-tratos sofridos pelos animais nestes eventos.
O colega Gil Diniz rebateu: "Todos aqui somos contra maus-tratos aos animais. Eu repudio isso. Nos rodeios, os animais são muito bem tratados. [...] É a nossa cultura, sim, que eu defendo. Eu sou favorável ao rodeio, à vaquejada e aos esportes equestres", afirmou.
Penal
Monica Seixas do Movimento Pretas (Psol) criticou a postura de privatizações do Governo Estadual, mas também trouxe à pauta a mobilização dos policiais penais, que ainda atuam para ter direito a reajuste salarial e um maior reconhecimento profissional. "A situação das penitenciárias paulistas, com a falta de muitos servidores e desvios de função, também representa um descumprimento a decisões da Justiça", disse ela. A mesma preocupação com os policiais penais foi externada na tribuna pelo deputado Reis (PT), que informou que a Comissão de Segurança Pública e Assuntos Penitenciários da Casa visitou nesta mesma quarta-feira a sede da Secretaria de Estado de Segurança Pública. Na pauta, os possíveis investimentos na área para 2024.
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