Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que o suicídio é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil. Preocupada com o tema e disposta a fazer parte dessa causa que ganha destaque com o "Setembro Amarelo", a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo sediou, nesta terça-feira (24), o 1° Fórum Estadual de Saúde Mental.
O evento, de iniciativa da deputada Maria Lúcia Amary (PSDB), expôs o problema com o objetivo de alertar sobre a importância de ajudar as pessoas que, muitas vezes, nem sabem que precisam de ajuda.
"Os índices são muito graves. Acredito que, no Brasil, não se está cuidando da saúde mental na perspectiva que precisaria cuidar. Nós estamos tomando essa iniciativa e vamos trabalhar muito não só no mês de setembro, mas o ano todo", afirmou a deputada.
Alerta para os pais
Um dos focos do Fórum realizado na Alesp foi o cuidado com a saúde mental dos jovens. A coordenadora do Programa da Saúde da Criança e do Adolescente da Secretaria Estadual da Saúde, Albertina Duarte, explicou que crianças e adolescentes dão sinais quando estão com problemas e precisam de acolhimento.
Segundo ela, a missão da família, da escola e de quem convive com o jovem é ficar atento a qualquer mudança de comportamento, especialmente com o "vício" em redes sociais.
"Não adianta perguntar ao jovem porquê ele está triste, feliz, chateado, irritado ou porquê passou a ir mal na escola. Os pais devem dizer que gostam dele, abraçá-lo e pedir que conte pra eles como foi o seu dia", orientou a médica. "Outra dica importante é ouvir com atenção", complementou.
A especialista ainda trouxe dados preocupantes sobre a saúde mental da juventude brasileira. "O Brasil é o oitavo país em índices de suicídio de jovens. Três jovens tiram a própria vida por dia. Isso é muito grave", alertou Albertina.
Depressão e Ansiedade
Além dos danos causados às pessoas, a falta de cuidados com a saúde mental também tem causado prejuízos financeiros às empresas. Segundo a médica pós-graduada em psiquiatria, Luana Aguiar, que também palestrou durante a reunião, a depressão é a principal doença que incapacita para o trabalho.
"Os números pré-pandemia já eram catastróficos. A gente já sabia que, nos próximos 10 anos, doenças como a depressão, transtornos de ansiedade e outros transtornos iriam aumentar, mas, com a pandemia, os números aceleraram extremamente", relatou a médica.
Luana trouxe dados recentes de um estudo feito por uma empresa de consultoria americana que mostrou que 40% dos trabalhadores se sentem estressados, tristes ou com raiva. Os dados foram colhidos com 128 mil trabalhadores de 160 países. Isso reforça, de acordo com a médica, a necessidade de desenvolver políticas públicas de prevenção e tratamento para a saúde mental em todas as esferas, começando pelas escolas onde está o público com maior incidência de suicídios.
"É importante falar que os pilares dos hábitos de vida saudáveis são fundamentais pra se ter uma saúde mental forte. Sono adequado, atividade física, um bom contexto social e ter amigos são ações que protegem a saúde mental", indicou Luana, que ainda orientou sobre o momento de procurar ajuda.
"Quando você começa a ter sintomas como, cansaço, oscilação de humor, falta de vontade de fazer as coisas e começar a perder qualidade de vida, é fundamental procurar ajuda de um profissional. Não espere passar mal, peça ajuda antes", alertou.
Saúde mental das mulheres
A saúde mental das mulheres também foi abordada no Fórum na Alesp. Muitas enfrentam longas jornadas de trabalho dentro e fora de casa e precisam dar atenção a sinais de depressão e ansiedade. A presidente da Virada Feminina Internacional e do Conselho Superior Feminino da Fiesp, Lívia Marta Suplicy, defende uma atenção especial à saúde mental feminina.
"Nós falamos muito dentro do coletivo feminino dos fatores fisiológicos das mulheres, como a menopausa, a ansiedade, a depressão mascarada, principalmente entre mulheres menos favorecidas, que moram em comunidades. Elas têm uma depressão que elas não sabem que têm", explicou.
"Prevenção é a gente parar e olhar para dentro de nós. Entender a figura do psiquiatra e do psicólogo como parceiros e investir nesse tipo de cuidado. As pessoas precisam entender o quanto é importante investir numa terapia complementar e o quanto é necessário ser ouvido. A prevenção tem que ser uma cultura", complementou Lívia.
A deputada Maria Lúcia Amary disse que o evento serviu para jogar luz em um problema que se agravou com a pandemia. "Nossa missão agora é buscar soluções. Vocês me inspiraram muito mais hoje. Me ajudaram a ver com mais clareza, com dados reais, para que a gente possa implementar projetos e aprimorar o atendimento psicológico em todo o estado", concluiu.
Assista ao evento, na íntegra, na transmissão feita pela Rede Alesp:
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