A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, em parceria com o Conselho Regional de Fonoaudiologia (Crefono2), sediou, nesta terça-feira (29), o seminário "Desafios na saúde vocal profissional: avaliação e notificação do distúrbio de voz relacionado ao trabalho". Solicitado pela deputada Maria Lúcia Amary (PSDB), o encontro reuniu especialistas que debateram em diferentes painéis a importância de preservar o bem-estar dos trabalhadores que dependem da voz para exercer suas funções.

Os Distúrbios Vocais Relacionados ao Trabalho (DVRT's) são uma realidade que afeta os profissionais que fazem uso extensivo da voz, como professores, operadores de telemarketing e cantores. A inclusão desses problemas na lista de questões de saúde causadas pelo trabalho foi resultado de uma luta de décadas.

"A obrigatoriedade da notificação dos DVRT's é essencial para reconhecer, oficialmente, tanto os casos existentes quanto a magnitude do problema. Isso também garante direitos aos trabalhadores e gera uma base de dados robusta para desenvolver políticas públicas de prevenção, promoção e reabilitação da saúde vocal", explicou a vice-presidente do Crefono2, Eliane Bier.

Outro ponto destacado durante o evento foram pesquisas feitas no Brasil e em outros países da América Latina que constataram que alunos de Pedagogia que atuam como professores auxiliares já começam a ter problemas vocais. As estatísticas ainda mostram que de cada dez professores da rede municipal, seis já desenvolvem tais distúrbios.

Desafios

Um dos desafios abordados ao longo do encontro foi a ausência de programas voltados à prevenção, dificultando a adoção de práticas de redução de casos.

Baseado nisso, a representante do Departamento de Voz da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, Ana Carolina Constantini, defendeu a relevância do investimento em pesquisas acadêmicas e da parceria entre serviços públicos e privados para o planejamento de ações preventivas e assistenciais em prol de pessoas acometidas pelos DVRT's.

"O problema ainda pode se agravar devido à falta de uma política de promoção da saúde vocal desenvolvida pelas empresas, para que haja uma pausa suficiente ou um treinamento vocal para seus funcionários", disse a deputada Maria Lúcia Amary.

Além disso, foi reforçada a importância da divulgação e conscientização para toda a sociedade de que a voz dos trabalhadores não pode ser afetada, evitando, assim, o sofrimento e comprometimento da qualidade de vida deles.

Outra ação para combater os desafios enfrentados é investir na capacitação dos profissionais de saúde para que eles façam o diagnóstico, tratamento e prevenção.

Durante o seminário, também foi apresentado um formulário de notificação online de distúrbios vocais ligados ao trabalho. Criada pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, a ferramenta tem o objetivo de simplificar o processo de notificação, reduzir as barreiras burocráticas e garantir que os casos sejam formalmente registrados.

Presenças

Além dos já mencionados, também participaram do evento Silvia Regina Pierotti de Filippis e Ana Leia Berestein, conselheiras do Crefono 2 e do Conselho Federal de Fonoaudiologia (CRF); Márcia Helena Matsushita, responsável pelo programa "Saúde na Escola" da Secretaria Municipal de Educação; Leslie Ferreira, fonoaudióloga e coordenadora do Laboratório de Voz da PUC-SP; Maria Maeno, médica e pesquisadora da Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro); e Suzana Janine, especialista em Saúde do Trabalhador.

Assista ao evento, na íntegra, na transmissão feita pela Rede Alesp:

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