A série de ameaças de ataques e atentados a escolas em várias cidades paulistas foi o tema principal dos debates no Pequeno e Grande Expedientes da sessão ordinária desta quarta-feira (12) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Deputados e deputadas comentaram sobre a insegurança de pais, alunos e profissionais da Educação nos últimos dias.

O deputado Guilherme Cortez (Psol) subiu na tribuna para dizer que tem recebido dezenas de denúncias de famílias com medo de levarem os filhos nas escolas. Ele destacou que pedirá a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar esses casos.

"Quando isso acontece não abala somente os membros da comunidade escolar, mas todo o nosso senso de humanidade porque esses crimes são direcionados contra crianças e professores, que dedicam suas vidas pela educação", afirmou Cortez.

Oseias de Madureira (PSD), por sua vez, aproveitou o seu tempo de fala para apontar a coincidência entre conteúdos agressivos nas redes sociais e o comportamento dos agressores na vida real. "Nós divulgamos o bem com lentidão, mas o mal tem uma rapidez enorme de divulgação", comentou, pedindo mais atenção por parte dos pais e familiares em relação aos conteúdos que crianças e adolescentes estão tendo acesso por meio da internet.

Também sobre o tema, o deputado Carlos Giannazi (Psol) criticou a postura da rede social Twitter em relutar a apagar 511 contas de usuários com postagens relacionadas aos atentados nas escolas. "Essa violência tem a ver com a parte mais suja da internet", disse, afirmando que as plataformas não têm agido para coibir a disseminação dessas postagens.

Mãe de quatro filhos, a deputada Ediane Maria (Psol) disse que conhece bem o medo dos pais em levarem os filhos nas escolas, comentando sobre a necessidade de políticas públicas que olhem para todo o contexto social das famílias. "Precisamos olhar para a saúde mental, para o combate à fome", destacou, criticando quem defende que somente a colocação de policiais nas portas das escolas irá resolver toda a situação.

Sobre a segurança nas escolas, Conte Lopes (PL) comentou que não há efetivo suficiente de policiais para conseguir fazer a segurança de todas as unidades e lamentou o fato de o tráfico de drogas ter acesso fácil ao interior dos prédios escolares. "A sociedade tem que tomar uma atitude", cravou.

Orçamento da Educação

O deputado Carlos Giannazi usou do seu tempo na tribuna também para criticar a possibilidade de o governo estadual encaminhar à Alesp uma Proposta de Emenda à Constituição do Estado (PEC) reduzindo o investimento mínimo em Educação.

Para Giannazi, é inacreditável um projeto como esse no momento atual da educação paulista, com estrutura defasada das escolas, profissionais com salários baixos, entre outros problemas. "Não podemos admitir isso. Quero ver quais deputados teriam coragem de deixar suas digitais em um projeto como esse, que maculará suas histórias para sempre", afirmou.

Cracolândia

O deputado Jorge do Carmo (PT) comentou sobre um relatório da Defensoria Pública do Estado que apontou para uma violação dos direitos humanos na região da Cracolândia, no centro da capital paulista.

O deputado diz que irá adotar medidas para denunciar as ações violentas que estão sendo tomadas pelas forças de segurança na região. "O relatório diz que as ações ineficazes e violentas influenciam na falta de dignidade para essas pessoas. Não podemos ver práticas como essas que estamos vendo, de pessoas sendo removidas a força de suas barracas", afirmou.

Animais

Rafael Saraiva (União) foi à tribuna da Alesp para relatar que é um dos responsáveis por um instituto de proteção animal que conseguiu resgatar 50 animais durante a tragédia ocorrida em São Sebastião e outras cidades do litoral norte no mês passado. Desses, 30 já foram identificados e estão sendo devolvidos às famílias. "As famílias estão muito felizes por esse trabalho e o governo estadual reconheceu a atuação do nosso instituto", destacou.

Sistema Cross

Vitão do Cachorrão (Republicanos) disse acreditar que o governo atual pode melhorar a situação da fila de internação por meio do Cross - sistema que regula a oferta de leitos de hospitais, incluindo UTIs. "É um sofrimento desumano ver alguém morrer num corredor esperando vaga", afirmou.

Fazendo coro ao colega, Ana Perugini (PT) lembrou da criação de uma frente parlamentar para discutir o sistema Cross e que há uma fila grande aguardando por uma cirurgia eletiva. "Queremos trazer a discussão de mais transparência e de uma eficiência maior para esse sistema" pontuou.

Outros temas

Ainda durante a sessão, Eduardo Suplicy (PT) parabenizou a ida do presidente Lula à China e a indicação da ex-presidente Dilma Rousseff para presidência do chamado banco dos Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. "Avalio que a presidenta Dilma terá um extraordinário desempenho na promoção das relações do comércio internacional e de cooperação entre esses cinco países", frisou.

Felipe Franco (União) subiu à tribuna para repudiar o caso de um personal trainer que agrediu a ex-namorada, da mesma profissão, em Goiânia. "Essa atitude mexeu demais comigo. Acaba desvalorizando nossa classe e eu repudio", pontuou.