A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo recebeu, nos últimos três dias, seminários de discussão sobre as manifestações ocorridas em junho de 2013, conhecidas como "Jornadas de Junho". Os eventos foram solicitados e organizados por deputados do PSOL, com o objetivo de debater sobre os efeitos das reivindicações feitas há dez anos.

Os protestos de 2013 começaram com o objetivo de ir contra o aumento das tarifas do transporte público, gerando o emblemático "Movimento Passe Livre", que reuniu mais de 1 milhão de pessoas em manifestações de 388 cidades do Brasil. No entanto, a partir do crescimento da causa, as reivindicações passaram a ir além dos transportes, revelando uma insatisfação geral da população brasileira com a classe política, corrupção e problemas sistemáticos na Saúde e na Educação à época.

O deputado Guilherme Cortez (PSOL) deu início às reflexões. Para ele, aquele mês de junho foi responsável por grandes avanços sociais e progressivos, ao mesmo passo em que trouxe novas maneiras de se propor lutas sociais no Brasil. Mas, simultaneamente, levou à ascensão de movimentos contrários aos pretendidos.

"Depois de dez anos, junho de 2013 não comporta interpretações e análises únicas na sociedade. Na verdade, o que podemos perceber por meio das matérias, especiais e livros organizados em alusão àqueles eventos são divisões de diferentes correntes de pensamento, que se mostram na grande crise democrática brasileira após 2014", declarou Cortez.

Seguindo as discussões, a parlamentar Paula da Bancada Feminista (PSOL) disse acreditar que, mesmo entre todas as contradições que cercam as jornadas de junho, a ideia inicial ainda prevalece, pois as manifestações contrárias, sobretudo no ano de 2015, tinham um público completamente distinto. "Sou fruto do processo político iniciado em Junho de 2013 junto com toda uma geração de ativistas sociais e políticos. Por isso, precisamos defender o legado desse movimento", opinou.

A deputada federal Sâmia Bomfim participou do seminário remotamente e destacou que, em 2013, o contexto internacional era de crise econômica, havendo manifestações de massa semelhantes em vários lugares do mundo, como na Turquia e na Espanha, que podem ter influenciado o Brasil. Além disso, fez questão de destacar a força dos protestos e sua influência: "Antes de 2013, a prática de manifestações de rua estava há muito tempo adormecida, e as Jornadas inspiraram, para o bem e para o mal, a volta da luta do povo brasileiro por condições melhores", completou.

Programação

Os temas abordados nos três dias de evento foram os seguintes:

20 de junho: "Os motores da luta", (com a participação de Matheus Gomes, Maurício Costa e Raisa Guimarães);

21 de junho: "Passe Livre não é só por 20 centavos" (com Camila Lisboa e Carolina Freitas); e

22 de junho: "A esquerda e os rumos de 2023", (com Sâmia Bomfim, Breno Altman e Andréia Galvão)